De cenário de guerra a atração turística: em 72 horas, foi esse o destino das imediações da Assembleia Legislativa do Paraná, no último sábado (2), a uma leva de curiosos que buscou ver de perto as marcas da repressão praticada na última quarta-feira pela Polícia Militar contra professores estaduais.
Na briga, mais de 200 pessoas ficaram feridas por estilhaços de bombas de efeito moral e balas de borracha usadas pela Polícia Militar para dispersar os manifestantes – a maior parte, professores. Eles tentavam acompanhar a segunda e última votação do projeto do Executivo que estabeleceria novas regras para a previdência dos servidores. A matéria passou com 31 votos a favor e 20 contra.
Em frente à Assembleia, cartazes com mensagens de repúdio à violência empregada pela PM ainda tomavam os portões e as estátuas dos jardins externos. Além das faixas com críticas ao governador Beto Richa (PSDB) e ao secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Francischini, os nomes dos 30 deputados que votaram a favor do Executivo foram colados com as respectivas fotos em crucifixos de madeira espalhados por uma rotatória da avenida Cândido de Abreu, acesso principal ao Centro Cívico da capital paranaense.
A reportagem do Terra conversou com visitantes que disseram ter ido ao local com a família para ver de perto o que só haviam conhecido pela imprensa. Boa parte do material afixado nas estátuas, muros e grades havia sido colocado por estudantes, durante ato em apoio aos professores, na última quinta-feira (29), e pelos manifestantes que saíram em protesto no 1º de Maio trajando preto – com o mote “Menos bala e mais giz”.
“Eu acompanhei pela mídia o que aconteceu e achei tudo lamentável. Um País se constrói pela qualidade da educação que oferece, e o que eu vi me deixou revoltado”, relatou o aposentado Antonio Alves do Nascimento, 65 anos, de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo). Sua filha, a professora de educação especial Fernanda Alves do Nascimento, 36 anos, classificou as cenas de uso da força policial como “descaso e desrespeito” do governo em relação aos professores.
“Eu me senti super abusada com o que vi, porque estamos em uma profissão em que trabalhamos nem tanto pelo salário, porque o reconhecimento é mínimo, mas nos empenhamos para ver um resultado que reflita depois na sociedade”, declarou Fernanda, que completou: “Sem professor o País não anda, e categoria tem mesmo é que se unir e se fazer ecoar. Temos muita vos, isso não pode ficar assim”, considerou.
Bacharel em direito em Curitiba, Alan Patrick, 32 anos, também foi com a família visitar as áreas onde houve o protesto e a repressão de quarta-feira.
“Eu tive um sentimento mesmo de catástrofe e de muita revolta com tudo o que vi – não fossem os professores, não estaríamos aqui hoje; inclusive os deputados”, destacou. Para a mulher de, a assistente
A assistente administrativa Patrícia Baia, 36 anos, as cenas do dia 29 foram “absurdas, uma completa humilhação para o povo”. “No fim, os que mais saem perdendo são os que estão em sala, porque precisam de aula... tenho uma filha que estuda na escola estadual e está sem aula; o ano está quase na metade e ela praticamente não teve praticamente nada. A situação está muito complicada”, ponderou.
Em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo, o mastro da bandeira do Paraná que havia sido pintado com impressões digitais vermelhas no protesto da véspera – como forma de se lembrar dos feridos do dia 29 – foi repintado na cor original: branco. Também o espelho d’água, que fora tingido de vermelho, nas mesmas circunstâncias, na véspera, teve a água substituída.
Manifestantes entraram em "luto" após confronto desta semana
Foto: Janaina Garcia / Terra
Caixão foi levado durante o ato desta sexta em Curitiba
Foto: Janaina Garcia / Terra
Manifestantes vestiram preto em passeata em Curitiba
Foto: Janaina Garcia / Terra
Mensagem contra o governador do Paraná, Beto Richa
Foto: Janaina Garcia / Terra
"Luto pela democracia" foi o mote do ato
Foto: Janaina Garcia / Terra
Deputados estaduais que votaram a favor de mudanças na Previdência dos servidores foram lembrados
Foto: Janaina Garcia / Terra
Manifestantes protestaram contra a violência da PM sobre professores
Foto: Janaina Garcia / Terra
Manifestantes jogaram tinta vermelha em fonte no centro de Curitiba
Foto: Orlando Kissner / Fotos Públicas
Bandeira do Paraná foi manchada com tinta vermelha
Foto: Orlando Kissner / Fotos Públicas
Bandeira do Paraná foi manchada com tinta vermelha
Foto: Orlando Kissner / Fotos Públicas
Bandeira do Paraná foi manchada com tinta vermelha
Foto: Orlando Kissner / Fotos Públicas
Manifestante segura cruz com os dizeres "menos bala, mais giz" durante ato em Curitiba
Foto: Célio Borba / vc repórter
Manifestantes puseram tinta vermelha em um espelho d’água em frente ao Palácio Iguaçu para lembrar dos feridos do dia 29
Foto: Célio Borba / vc repórter
Ainda em frente ao palácio, o grupo baixou as bandeiras do Brasil e do Paraná
Foto: Célio Borba / vc repórter
Ato de apoio a professores estaduais e contra a repressão policial aconteceu nesta sexta-feira na capital paranaense
Foto: Célio Borba / vc repórter
Manifestantes marcharam da Praça 19 de Dezembro até o Centro Cívico, onde fica a sede do governo
Foto: Célio Borba / vc repórter
De luto, manifestantes protestam por professores no PR
Foto: Janaina Garcia / Terra
De luto, manifestantes protestam por professores no PR
Foto: Janaina Garcia / Terra
De luto, manifestantes protestam por professores no PR
Foto: Janaina Garcia / Terra
De luto, manifestantes protestam por professores no PR
Foto: Janaina Garcia / Terra
De luto, manifestantes protestam por professores no PR
Foto: Janaina Garcia / Terra
De luto, manifestantes protestam por professores no PR
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De luto, manifestantes protestam por professores no PR
Foto: Janaina Garcia / Terra
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Foto: Janaina Garcia / Terra
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De luto, manifestantes protestam por professores no PR
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Foto: Janaina Garcia / Terra
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De luto, manifestantes protestam por professores no PR
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De luto, manifestantes protestam por professores no PR
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De luto, manifestantes protestam por professores no PR
Foto: Janaina Garcia / Terra
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“Eles limparam o mar vermelho de tinta, mas tem outra imagem que eles nunca vão tirar, que é daqui da cabeça. Essa não sai, e essa que eu vou repassar na sala de aula”, definiu a professora de ensino fundamental estadual Carla Stiegler, 37, de Prudentópolis. Ela esteve na quarta-feira no protesto, e, ontem, fez questão de levar os filhos e o marido ao local.