Prefeito de Niterói Rodrigo Neves é preso em desdobramento da Lava Jato
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nesta segunda-feira o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), acusado de integrar organização criminosa envolvendo empresários do setor de transporte público rodoviário suspeita de desviar 10,9 milhões de reais.
O esquema pode ter ocorrido em outras áreas da cidade da região metropolitana e pode ter sido replicado em outras prefeituras do Estado do Rio, segundo os investigadores.
A prisão preventiva, solicitada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), é um desdobramento da operação Lava Jato no âmbito estadual, que visa desarticular organização suspeita de praticar corrupção ativa e passiva para o pagamento de propina de empresários de ônibus a agentes públicos da cidade, segundo o MPRJ.
De acordo com a investigação, o esquema desviou aproximadamente 10,9 milhões de reais para realizar pagamentos ilegais entre 2014 e 2018.
Ao todo foram cumpridos nesta segunda-feira quatro mandados de prisão preventiva e mandados de busca e apreensão em 20 endereços incluindo órgãos públicos.
O procurador geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, afirmou que novas investigações contra Rodrigo Neves já estão em curso. "Verdadeiras máfias se instalaram nas prefeituras e o grande lesado tem sido o cidadão. A corrupção mata", disse Gussem.
Neves negou ter cometido qualquer irregularidade.
"Realmente estou perplexo, absolutamente perplexo, eu trabalho desde 18 anos de idade, tenho 20 anos de vida pública, não tenho bem, não viajo para o exterior, eu fecho minhas contas como qualquer cidadão de classe média, vivo em imóvel muito simples, então realmente me estranha muito esse tipo de ocorrência", disse Neves em entrevista a jornalistas logo após ser detido.
"Eu não sei nem quais são as acusações", acrescentou.
A chamada operação Alameda cumpriu mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra Neves, um ex-secretário municipal de Obras e três empresários do ramo do transporte público rodoviário.
O procurador geral de Justiça rebateu o prefeito. "Eu vi a entrevista do Rodrigo Neves; repito e reafirmo que o material do MP é denso, consistente e tem reflexos em outras áreas da prefeitura", afirmou Gussem.
Além das residências dos suspeitos, as buscas incluíram o gabinete do prefeito e as sedes de oito empresas de ônibus que prestam serviço no município, afirmou o MPRJ.
"Idosos, portadores de deficiência e estudantes tinham direito a gratuidade que depois era reembolsado para as empresas de ônibus. O Rodrigo Neves atrasa o pagamento para constranger os donos das empresas e na hora do reembolso o empresário perdia 20 por cento do valor (propina)", disse a promotora Talita Hardum.
"O valor era pago em dinheiro vivo dentro do sindicato de empresas de ônibus. Um operador econômico do Rodrigo Neves (Domicio Mascarenhas, ex-secretário de Obras) que foi assessor de gabinete que fazia o recolhimento e era o operador financeiro para receber a propina", adicionou ela, ao afirmar que os pagamentos foram de 2014 a 2018.
Procurada, a prefeitura de Niterói não respondeu de imediato a pedido por comentário.