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Premiê canadense se diz preocupado com denúncias de espionagem ao Brasil

8 out 2013 - 15h50
(atualizado às 15h57)
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O primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, disse nesta terça-feira que está "muito preocupado" com as denúncias sobre possível espionagem da agência de inteligência canadense ao Ministério de Minas e Energia do Brasil. Segundo Harper, as autoridades canadenses estão dispostas a colaborar com o Brasil. Embora tenha demonstrado boa vontade em cooperar com o Brasil, o premiê não confirmou se o governo canadense encaminhará as informações pedidas pelas autoridades brasileiras.

A reação de Harper ocorre no momento em que o embaixador do Canadá, Jamal Khokhar, é convocado pelo chanceler Luiz Alberto Figueiredo Machado para prestar esclarecimentos sobre as suspeitas de espionagem. Harper ressaltou que o governo canadense está empenhado em manter a comunicação com o Brasil. As denúncias envolvendos os dois países acabam englobando também contatos com cidadãos dos Estados Unidos, do Reino Unido, Austrália e da Nova Zelândia.

Ao se referir à disposição das autoridades canadenses, Harper usou a expressão "estender a mão" aos colegas brasileiros. O premiê do Canadá mencionou o assunto em entrevista coletiva concedida durante a Cúpula Ásia-Pacífico, em Bali, na Indonésia.

De acordo com denúncias veiculadas na imprensa, o Canadá espionou o Ministério de Minas e Energia do Brasil. A informação é baseada em documentos vazados pelo ex-analista de informática Edward Snowden, que indicam que agentes do Centro da Segurança nas Telecomunicações do Canadá monitoraram as comunicações do ministério.

No Canadá, autoridades do Communications Security Establishment (CSEC) disseram que a agência não comenta atividades envolvendo ações de inteligência e estrangeiros. Na entrevista coletiva, Harper reiterou que o governo fará o "acompanhamento adequado" do assunto.

Espionagem americana no Brasil

Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Monitoramento
Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.

De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.

O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.

*Com informações da CBC, emissora pública de televisão do Canadá

Agência Brasil Agência Brasil
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