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Prisão de Beto Richa reforça Justiça no centro das eleições

Candidato do PSDB ao Senado, ex-governador do Paraná é preso por suspeitas de fraude em licitação em obras do estado.

11 set 2018 - 15h30
(atualizado às 16h04)
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O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) se tornou nesta terça-feira (11) o mais novo alvo da ação de promotores e juízes que vêm chacoalhando o mundo político brasileiro desde 2014. O tucano, que perdeu o foro privilegiado em abril após deixar o governo e é candidato ao Senado, foi preso junto com sua mulher, Fernanda, em uma ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que investiga fraudes em obras de recuperação de estradas rurais.

Paralelamente, o ex-governador também foi alvo de um mandado de busca e apreensão, desta vez como parte da 53ª etapa da Operação Lava Jato, que investiga pagamento de propina a membros do governo Richa pela empreiteira Odebrecht em 2014, como parte de um contrato para obras em uma rodovia estadual.

Beto Richa em evento em 2016
Beto Richa em evento em 2016
Foto: Ricardo Almeida / ANPr

Além de Richa, os agentes prenderam quase todo o antigo núcleo decisório do seu governo. Entre os presos estão seu ex-chefe de gabinete, Deonilson Roldo; o irmão do ex-governador, Pepe Richa; o ex-chefe de cerimonial Ezequias Moreira e o ex-secretário Edson Casagrande, entre outros.

O empresário Joel Malucelli, um dos homens ricos do Paraná e dono de uma empreiteira que realizou dezenas de obras durante o governo Richa, também teve a prisão decretada. Malucelli é ainda suplente do senador Alvaro Dias (Podemos), candidato à Presidência.

A prisão de Richa deve ter impacto na disputa pelo Senado no Paraná. Em pesquisa Ibope do início de setembro, o tucano apareceu em segundo lugar para uma das duas vagas em disputa, com 28% da preferência do eleitorado.

O episódio envolvendo Richa se soma a uma série de ações de promotores e juízes que vêm influenciando a disputa eleitoral neste ano. O caso mais notório é o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi condenado em segunda instância em janeiro e preso poucos meses depois. Favorito nas pesquisas à Presidência que incluíram seu nome, Lula acabou sendo enquadrado pela Lei da Ficha Limpa e teve a candidatura barrada.

Na semana passada, o Ministério Público de São Paulo apresentou uma ação de improbidade administrativa contra o ex-governador de São Paulo e candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB). Dois dias antes havia sido a vez do ex-prefeito e "plano B" do PT à Presidência Fernando Haddad, denunciado pelo MP-SP por corrupção.

João Doria (PSDB), que se candidatou ao governo de São Paulo, também foi condenado em agosto e teve seus direitos políticos suspensos por quatro anos pela Justiça estadual de São Paulo.

Os casos de Haddad e Alckmin por enquanto não têm potencial para barrar suas candidaturas. E Doria está recorrendo da decisão. Mas outros candidatos passaram a enfrentar mais dificuldades.

No mesmo dia da denúncia contra Haddad, foi a vez de a Justiça Federal condenar em segunda instância Anthony Garotinho (PRP) por formação de quadrilha, atingindo diretamente sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro. Em agosto, ele também já havia sido condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio.

Após a divulgação da denúncia contra Alckmin, o candidato tucano à Presidência criticou o promotor do caso e sugeriu que ele queria se promover "a um mês das eleições" com uma investigação "equivocada". Já as defesas de petistas como Lula e Haddad acusam a Justiça de perseguição política.

A prisão de Richa também deve causar novas dificuldades para o PSDB. Apesar de o partido ter sido envolvido em denúncias de corrupção nos últimos anos, nenhum grande tucano ainda havia sido preso. Em maio, o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo passou a cumprir pena pelo caso do "mensalão tucano", mas apenas após conseguir postergar a condenação por mais de uma década.

Segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, do núcleo da Lava Jato em Curitiba, que pediu o mandado de busca e apreensão contra Richa, o grande obstáculo para mais ações é o foro privilegiado.

"Sempre foi uma investigação apartidária. Já tínhamos chegado a pessoas de diversos partidos, mas, infelizmente, o foro privilegiado é um obstáculo para as investigações, para punir pessoas de outros partidos", disse. "Neste caso, é um político do PSDB. Nós não escolhemos alvos. As investigações, com a sua maturidade, vão mostrando os alvos."

Pelo menos 19 réus em processos ligados à Lava Jato e 12 acusados pelo Ministério Público em desdobramentos da operação são candidatos nestas eleições, entre eles estão figuras como o senador Renan Calheiros (MDB-AL), o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTC-AL) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que desta vez concorre como deputado.

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