Professores do Rio mantêm greve e fecham vias em protesto
Em greve desde o dia 12 de maio, cerca de mil professores da rede pública do Rio de Janeiro tomaram as ruas mais uma vez nesta quinta-feira. Depois de decidir em assembleia pela continuação da paralisação - no ano passado a categoria permaneceu parada por 70 dias -, eles caminharam da sede do Clube Hebraica, em Laranjeiras, na zona sul da capital fluminense, até o Palácio da Cidade, sede da Prefeitura, em Botafogo. Usando camisetas laranjas em que se lê "seguir os exemplo dos garis", categoria que conseguiu aumento após passar a semana de Carnaval em greve, os professores reclamam que os acordos firmados após a paralisação do ano passado não foram respeitados.
Antes de chegar ao destino final, no entanto, os educadores bloquearam por aproximadamente duas horas a entrada do elevado Pinheiro Machado, um dos acessos ao túnel Santa Barbára, que liga o bairro de Laranjeiras à zona norte da cidade. O governo estadual e a Polícia Militar não permitiam a passagem do carro de som da categoria em frente ao Palácio da Guanabara, sede do governo do Estado, localizado na avenida Pinheiro Machado.
Passageiros dos ônibus estacionados no elevado desceram e saíram caminhando. Durante o protesto uma repórter foi expulsa da manifestação por ser da Globo News. Após uma longa negociação, em que seis representantes dos professores foram recebidos pelo governo, a passagem do carro de som foi liberada e os manifestantes seguiram em passeata, parando brevemente em frente ao Palácio da Guanabara. Cerca de 200 policiais militares acompanharam a manifestação durante todo o percurso.
Os docentes fecharam a rua São Clemente, em frente ao Palácio da Cidade, sede da prefeitura, por cerca de uma hora e meia. A polícia acabou por dispersar os professores e liberar o trânsito. As pessoas que tentavam voltar para casa hostilizaram os professores, que responderam com palavrões.
A diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe) Marta Moares lembra a paralisação de 24 horas da Polícia Civil - ocorrida na quarta-feira, que resultou em uma reunião da categoria com o governador Luiz Pezão hoje - e questiona a falta de disposição do governo de negociar com os professores. "Uma coisa importante que a gente quer cobrar é que a Civil fez um dia de greve e foi atendida, e nós estamos em duas semanas e nada. O que o governo do Estado quer passar para a população? Ele acha que violência não tem a ver com educação?", diz.
Segundo o Sepe-RJ, 30% dos 75 mil professores do Estado e 55% dos 42 mil docentes municipais aderiram ao movimento. Os professores pedem aumento salarial de 20% para todos os trabalhadores da educação das redes municipal e estadual, redução da carga horária dos servidores administrativos para 30 horas semanais (atualmente são 40 horas por semana) sem haver redução do salário, discussão do plano de carreira unificado para a categoria e eleição direta para diretor de escolas, entre outras demandas.
No ano passado, o governo do Estado e a prefeitura carioca se comprometeram a não cortar o ponto nem a penalizar os professores grevistas, desde que eles voltassem à atividade e repusessem as aulas. Na semana passada, no entanto, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux suspendeu esse acordo até que a greve atual seja encerrada, abrindo espaço para o corte do ponto.
Ontem, os professores caminharam em passeata da Assembleia Legislativa, na rua Primeiro de Março, até a Cinelândia. No próximo dia 28, uma comissão formada por integrantes do Sepe-RJ terá uma reunião na secretaria municipal de educação. A categoria se reúne novamente no dia 30, às 11h, para decidir os rumos da paralisação. Na segunda-feira, quando a seleção brasileira chega ao Rio, será realizado um protesto silencioso no aeroporto internacional do Galeão.
A capital fluminense enfrenta, além dos professores, outros dois movimentos grevistas: por parte dos rodoviários (cobradores e motoristas de ônibus) e vigilantes bancários – que deixam restrito os pagamentos nas agências.