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Retirada de senador da Bolívia feriu soberania do país, diz Gilberto Carvalho

28 ago 2013 - 17h20
(atualizado às 17h20)
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O senador boliviano de oposição Roger Pinto Molina, 53 anos, está temporariamente em Brasília, na casa do advogado, no Lago Norte, bairro nobre da cidade
O senador boliviano de oposição Roger Pinto Molina, 53 anos, está temporariamente em Brasília, na casa do advogado, no Lago Norte, bairro nobre da cidade
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

Importante interlocutor político do governo Dilma Rousseff, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse nesta quarta-feira que o governo brasileiro reprova a transferência do senador Roger Pinto da embaixada brasileira em La Paz para o território nacional. O ministro reconheceu que houve desrespeito à soberania boliviana e que o governo brasileiro já deu sinais ao vizinho que discorda da ação de insubordinação do diplomata Eduardo Saboia. O senador, que faz oposição ao governo de Evo Morales, estava abrigado na embaixada brasileira em La Paz há 15 meses e não obteve salvo-conduto.

“Nós entendemos que não foi adequada a atitude de se tirar do país esse senador. No mínimo por uma falta de cortesia, no mínimo por uma falta de respeito à soberania daquele país”, declarou o ministro a jornalistas. “Não podemos aprovar, a presidente não aprova essa atitude.”

Auxiliares de Dilma acreditam que a presidente deve entrar em contato por telefone com o presidente Evo Morales ainda nesta tarde. A conversa pode ser acompanhada pelo recém-empossado ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo.  

“Nós estamos preocupados em fazer essa discussão com o governo boliviano e o tempo todo reiterar que não importa o país: seja ele a Bolívia, seja ele Estados Unidos, seja ele a França, a Inglaterra ou o Japão”, explicou o ministro.

Segundo Carvalho, o episódio causou “enorme problema” e precisa ser resolvido com sabedoria e tranquilidade. “Do ponto de vista da relação entre os dois países, foi uma atitude indevida,que nos causa efetivamente um enorme problema. Agora temos que ter a sabedoria e a tranquilidade de resolvê-lo observando todos os aspectos, sem precipitações”, afirmou o ministro.

Ele disse que espera um avanço nas informações para conhecer melhor a situação do parlamentar boliviano e saber se ele sofreu perseguição política no país. “Importa fazer justiça em todos os aspectos: no que envolve o diplomata, no que envolve o senador e, particularmente, na relação com um país com o qual temos uma relação muito fraterna.”

O ministro destacou também que o Brasil não gostaria de ser vítima de situação semelhante e deve respeito a todos os países, de forma indistinta. “Não gostaríamos também de ser vítimas de uma situação semelhante. É muito fácil criticar a Bolívia e ter medo dos grandes. Não podemos ter esse comportamento. Todos os países merecem de nós o respeito a sua soberania.”

Senador boliviano causa crise diplomática
Roger Pinto Molina, um inflamado opositor do governo de Evo Morales, estava na embaixada brasileira em La Paz desde 28 de maio de 2012. O governo brasileiro concedeu asilo político ao senador dez dias depois, mas o parlamentar não podia deixar seu país, pois a Bolívia não deu a ele um salvo-conduto, alegando que Roger Pinto responde a vários processos por corrupção.

No dia 23 de agosto de 2013, no entanto, o senador fugiu da embaixada em um carro oficial escoltado por fuzileiros navais e foi até Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Nesta cidade, foi recebido por agentes da Polícia Federal e, de lá, seguiu até Brasília em um avião privado enviado pelo senador brasileiro Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, que o esperou no aeroporto na madrugada do dia 25. Ferraço foi quem deu os primeiros detalhes sobre a saída de Roger Pinto da Bolívia, que para o governo de Evo Morales nada mais foi do que a "fuga" de um "criminoso comum".

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Ao saber da situação, o então ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, anunciou que o caso seria "investigado", seriam tomadas "as medidas administrativas e disciplinares" correspondentes e convocou para consultas o encarregado de negócios na embaixada em La Paz, Eduardo Saboia. O funcionário chegou a Brasília no dia 26 e, no aeroporto, disse a jornalistas que tinha "ajudado" o senador por razões humanitárias.

"Tomei a decisão porque havia um risco iminente para sua vida e uma ameaça à dignidade de uma pessoa", declarou Saboia, que assumiu a responsabilidade sobre o caso e disse que tinha optado "pela vida" e por "proteger" um "perseguido político".

Visivelmente contrariada pelo episódio, a presidente Dilma Rousseff aceitou na noite de 26 de agosto o pedido de demissão do chanceler Antonio Patriota, que foi substituído pelo representante do Brasil na ONU, Luiz Alberto Figueiredo Machado.

No dia seguinte, Dilma demonstrou irritação com a operação, que, segundo ela, colocou em risco a vida do diplomata e do senador boliviano. "O Brasil não poderia colocar em risco a vida de uma pessoa que estava sob a sua guarda", afirmou Dilma, em relação à ausência de garantia de um salvo-conduto por parte do governo da Bolívia. "Um Estado democrático e civilizado, a primeira coisa que faz é proteger a vida sem qualquer outra consideração. Protegemos a vida e a segurança e garantimos conforto ao asilado", criticou. "Se nada aconteceu, não é a questão. Poderia ter acontecido."

Com informações da Agência Brasil

Fonte: Terra
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