Script = https://s1.trrsf.com/update-1734029710/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

RJ: após tumulto, comissão pede que Doi-Codi vire centro de memória

23 set 2013 - 16h19
(atualizado às 16h24)
Compartilhar
Exibir comentários
Na entrada ao local, os dois discutiram e o deputado acabou desferindo um soco na barriga do senador
Na entrada ao local, os dois discutiram e o deputado acabou desferindo um soco na barriga do senador
Foto: Tânia Rego / Agência Brasil

Parlamentares, membros da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro e ex-presos políticos consideraram histórica a visita feita na manhã desta segunda-feira ao Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca, zona norte da capital fluminense, onde funcionou a sede do Destacamento de Operações de Informações-Centro de Defesa Interna (Doi-Codi) na época da ditadura militar. O jornalista Alvaro Cabral, 72 anos, ficou quase três anos preso no local na década de 1970 e voltou ao local onde foi torturado 40 anos depois. “Não consegui dormir essa noite. Foi aqui que tomei choque elétrico, pau-de-arara. Da última vez entrei de capuz e hoje pude entrar como membro da Comissão da Verdade”, disse, emocionado, ao lado de outras 15 pessoas que também passaram pelas dependências do exército durante a ditadura militar.

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/desaparecidos-da-ditadura/" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/desaparecidos-da-ditadura/">Desaparecidos da ditadura</a>

A visita durou cerca de uma hora e 30 minutos. Com Cabral estavam os senadores João Capiberibe (PSB-AP), presidente da subcomissão da Verdade do Senado, o também senador Randolfe Rodrigues (Psol-AC) e as deputadas Luiz Erundina (PSB-SP) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), além do presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous. 

Erundina, que teve sua entrada no prédio vetada pelo Exército na última sexta-feira, participou normalmente da visita, mas voltou a cobrar a revisão da Lei da Anistia, projeto de sua autoria que tramita no Congresso. “A visita foi um primeiro passo, mas só a verdade não é suficiente. Queremos o julgamento dos torturadores”, afirmou, pedindo apoio da população para o andamento do projeto.

O senador João Capiberibe disse que a visita foi um passo importante como aproximação com o Exército. “Existe ainda um tabu dentro do Exército quando se trata de falar do que aconteceu na época da ditadura e isso preciso ser quebrado”, afirmou o senador. 

Randolfe lembrou que nenhum país que passou por período de ditadura superou o momento sem se reencontrar com a verdade. “Mesmo que alguns, como Bolsonaro, não queiram”, afirmou.

A psicóloga Cecília Coimbra, 64 anos, que passou três meses presa no local, disse que não busca vingança. “Quero é que a história seja contada. O Brasil é o País mais atrasado de todos e mesmo depois de tanto tempo, não permite sequer uma visita a um local como esse”, disse, lembrando ter sido vítima de diversos tipos de torturas como choques na vagina, no ânus e nos seios. “Além de ter passado por uma simulação de fuzilamento no pátio”, recorda. 

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) tentou roubar a cena, entrando nas dependências do Exército junto com os outros parlamentares, mas acabou sendo impedido pelo próprio Exército de acompanhar a visita ao que foi o Doi-Codi. 

Na entrada, o parlamentar teve uma forte discussão com os dois senadores. Ele não quis afirmar que o Exército tenha torturado presos políticos na época da ditadura. “Talvez tenha havido uma ação mais enérgica aqui dentro, mas tudo para evitar que o comunismo de instalasse no País”, disse. Bolsonaro foi hostilizado e chegou a soltar beijos para quem o criticava do lado de fora, em tom de deboche. 

Durante a visita, os parlamentares e membros da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro viram um vídeo sobre a história da polícia do Exército e foram questionados por Erundina. “Eles comeram uma parte da história, justamente a da época da ditadura e isso eu tive que questionar”, disse. Randolfe Rodrigues reclamou que o Exército tentou levar o grupo a um outro local onde não funcionou o Doi-Codi. “Mas contamos com a memória do Alvaro para corrigir o caminho lá dentro”, afirmou. “Mas o importante é que fomos bem recebidos e foi um dia histórico”, disse Capiberibe

O objetivo da comissão é negociar para que o local seja transformado em um Centro de Memória do regime militar, que em 2014 completa 50 anos. “Entregamos ao tenente coronel Leonardo, comandante do Batalhão, e ao Ministério da Defesa, um documento que expõe as razões para o pedido de tombamento do lugar e a transformação dele nesse centro de memória”, explicou Damous, que prevê um longo processo de negociação sobre o tema. 

Ele pediu também que o exército esclareça a situação de vários desaparecidos do período da ditadura militar e que nunca foram encontrados. “Queremos que a visita ao local seja franqueada a todos os que estiveram presos aqui”, pediu. Durante todo o tempo um homem do Exército fotografava de dentro do quartel quem estava do lado de fora.

Fonte: Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade