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RJ: Comissão da Verdade apura atuação de Brasil na Operação Condor

30 out 2013 - 20h47
(atualizado às 20h53)
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A Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro pedirá informações à Justiça argentina sobre a participação de militares brasileiros na Operação Condor. A comissão quer colaborar para esclarecer o caso do jornalista argentino Norberto Armando Habegger, que desapareceu no Brasil após desembarcar no aeroporto do Galeão, em 1978.

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/desaparecidos-da-ditadura/" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/desaparecidos-da-ditadura/">Desaparecidos da ditadura</a>

O presidente da comissão, Wadih Damous, disse nesta quarta-feira que pedirá ajuda à Comissão Nacional da Verdade, para conseguir informações por meio do governo argentino com o Judiciário daquele país. "Levantaremos os dados sobre esse caso e com a comissão nacional veremos a melhor forma jurídica de ingressar no processo", informou.

Em março, a Justiça argentina instaurou ação para investigar o Plano Condor e o desaparecimento de 106 latino-americanos. Entre eles, está o caso do jornalista Norberto Habegger, que integrava o grupo de guerrilheiros conhecidos por Motoneros e de mais dois argentinos que desapareceram no Brasil.

Hoje, durante depoimento do filho do jornalista, o cineasta Andrés Habegger, a comissão estadual entregou à cônsul da Argentina no País, Alana Lomonaco, documento da ditadura brasileira alertando sobre a atuação dos Motoneros e para o aparecimento de corpos de ativistas mortos pela repressão.

Segundo o filho do desaparecido argentino, não se sabe ao certo o destino de seu pai. A hipótese mais provável é que, depois de capturado no Rio por militares brasileiros, o jornalista teria sido levado pelos agentes da ditadura argentina para um campo de concentração naquele país, depois de torturá-lo.

"Esse é um processo doloroso, porém, saneador. É muito melhor saber o que aconteceu, saber tudo, e conviver em paz com sua própria história", disse o cineasta que viu o pai pela última vez aos 9 anos de idade. "Convivi com essa ausência, com um pai desparecido toda uma vida. São marcas que não saem."

Documentos recentes elaborados pelo governo brasileiro e dados da Anistia Internacional, que entrevistou sobreviventes de campo de concentração na Argentina, confirmam a passagem de Norberto pelo Brasil e dão nomes de três militares argentinos que o capturaram no aeroporto do Rio de Janeiro.

Com base neles, Damous reforçou que buscará identificar os brasileiros envolvidos na Operação Condor. "Não foram agentes argentinos que chegaram aqui, sequestraram e foram embora. Houve a colaboração da ditadura brasileira", acrescentou.

Diante das provas brasileiras, a família do desaparecido, que é testemunha no processo sobre a operação, espera provar a ligação entre os sistemas de repressão do Brasil e da Argentina e exigir que os envolvidos sejam punidos. Na Argentina, ao contrário do Brasil, os militares foram penalizados por seus crimes.

Agência Brasil Agência Brasil
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