Seita da família de Djidja Cardoso pode ter sido responsável por morte de avó, segundo investigação
Parentes relataram que avó de Djidja teve AVC e morreu após um ritual com anabolizantes e outras drogas
Parentes de Djidja Cardoso, morta no dia 28 de maio, afirmam que a avó dela, Maria Venina, de 82 anos, pode ter morrido devido a uma dose de anabolizantes aplicada por familiares em um suposto ritual da seita Pai, Mãe, Vida, criada por Cleusimar Cardoso e os filhos, Djidja e Ademar. O caso é investigado pela polícia. As informações foram exibidas no Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 16.
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A ex-sinhazinha do Boi Garantido do Festival de Parintins, Djidja, morreu às 0h08 do dia 28 de maio. O corpo foi encontrado na manhã seguinte por Bruno Lima, de 31 anos, preso no último dia 7 em Manaus (AM). A polícia suspeita que ela morreu por overdose de cetamina.
Bruno, ex-namorado de Djidja, é suspeito de integrar uma quadrilha que vendia cetamina --um anestésico de uso veterinário-- sem receita médica. Segundo a investigação, ele também fazia parte da seita. O grupo usava a droga, que causa alucinações e dependência, para alcançar uma falsa "plenitude espiritual".
Um vídeo feito no dia 27 de maio, às 23h40, mostra Bruno Lima pedindo para Djidja entregar um frasco de cetamina.
A polícia apurou que Bruno teve participação na morte da avó de Djidja, Maria Venina, em junho de 2023, em Parintins. Parentes da vítima afirmam que Cleusimar, Djidja e Bruno aplicaram doses de anabolizantes na idosa durante um ritual da seita.
Depoimento da família
Uma testemunha não identificada contou que Cleusimar fez o chamado "ritual da cura", expulsou todo mundo da casa da avó de Djidja, aplicou "uma bomba" e deu maconha para a idosa. A ideia era que ela tomasse a medicação para meditar. Por volta das 3h da manhã do dia 29 de junho do ano passado, Maria teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Após reclamar de fortes dores de cabeça, a idosa não resistiu e caiu nos braços de uma das filhas. Uma irmã de Cleusimar pediu que ela parasse de usar drogas em um áudio, após o episódio. Ela diz que Cleusimar se drogava e dizia que tinha poderes para ressuscitar a mãe.
Depois da morte da idosa, a família fez uma denúncia na polícia de cárcere privado, com o objetivo de ajudar Djidja a se livrar das drogas e da seita comandada pela mãe dela. Um vídeo mostra policiais dentro da casa da família, mas Djidja recusa sair.
Tráfico de cetamina
No último dia 7, uma operação prendeu, além de Bruno Lima, outros quatro suspeitos de participação na quadrilha de tráfico de cetamina em Manaus. A defesa de Bruno informou ao Fantástico que a prisão dele é desnecessária, porque ele sempre colaborou com as investigações.
Hatus Silveira foi preso. Ele é um ex-fisiculturista que passava exercícios físicos e remédios para a família de Djidja. A polícia encontrou na casa dele seringas e frascos de um medicamento de fortalecimento para animais de grande porte, usado irregularmente por pessoas que querem aumentar a massa muscular. De acordo com a investigação, foi ele quem prescreveu ilegalmente o uso de cetamina para a família, além de mostrar locais para a compra da droga.
Na última semana, fiscais do Ministério da Agricultura acompanharam uma operação de fiscalização em clínicas veterinárias suspeitas de vender cetamina e outros medicamentos sem autorização. Foram encontradas dezenas de frascos de cetamina e outros medicamentos.
Segundo a polícia, o empresário José Máximo Silva de Oliveira é o responsável pelas clínicas investigadas. Ele se apresentou na delegacia e foi preso. O advogado dele nega que Máximo tenha prescrito cetamina ou outro tipo de medicamento para a família Cardoso.
Investigação
O advogado de Hatus nega que ele tenha cometido qualquer crime. Ele negou que tenha indicado cetamina à família. "Ele não forneceu, ele não aplicou, ele não vendeu, ele não transportou, ele não fez nenhuma dessas modalidades", disse o advogado Mozart Bessa ao Fantástico.
De acordo com a polícia, a linha de investigação apontou que ele prescrevia os protocolos para que a família utilizasse o potenay e a cetamina.
Boa parte do dinheiro da rede de salões de beleza de Djidja Cardoso era usada na compra de cetamina, segundo a polícia. A família tinha intenção de abrir uma clínica veterinária para ter acesso facilitado à droga.
No fim de maio, a polícia prendeu o irmão e a mãe de Djidja, e três funcionários da rede de salões. Eles são suspeitos de usar a seita "Pai, Mãe, Vida" como pretexto para usar e vender cetamina, o que caracteriza tráfico de drogas.
Ademar Cardoso, o irmão, também é investigado por estuprar uma jovem, que teria sido abusada enquanto estava sob efeito da droga na casa da família. Uma das funcionárias investigadas conseguiu liberdade provisória com uso de tornozeleira eletrônica, por ser mãe de uma criança de um ano e nove meses.
Os advogados de Ademar e Cleusimar Cardoso não se manifestaram.