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Sem liderança, caminhoneiros podem ser usados politicamente

Movimento foi iniciado por produtores rurais, muito deles políticos ou oposicionistas do governo

25 fev 2015 - 15h41
(atualizado às 16h45)
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Faixa é exibida durante paralisação na Bahia
Faixa é exibida durante paralisação na Bahia
Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

Assim como aconteceu durante as manifestações de 2013 e nas greves de trabalhadores de empresas de ônibus no ano passado, a paralisação dos caminhoneiros cresceu quase de forma espontânea e sem liderança. Os bloqueios das rodovias começaram na semana passada e foram iniciados por produtores rurais – os maiores embarcadores de cargas do País - contra o aumento do diesel. Mas à medida que o assunto ganhou destaque, motoristas autônomos de diversas partes do País aderiram ao protesto que e se espalhou pelo País. Para representantes de entidades ligadas à classe, reuniões como a que será realizada nesta quarta-feira (25) em Brasília com o governo federal, podem não trazer resultados por mais que se chegue a um consenso na mesa de negociação. 

“Isso (a paralisação) começou com os produtores rurais que iniciaram o protesto nas rodovias contra o aumento do diesel. Eles pediram apoio de alguns sindicatos, que toparam apoiar, mas sem participar. Mas à medida que foi parando, caminhoneiros de diversas regiões acharam que se tratava de um movimento da classe... mas não tem liderança, não há comando, nada. Vai ter essa reunião em Brasília com representantes que nem tem nada a ver com isso, porque o pessoal que representa entidade não é a cabeça do que está acontecendo”, diz o presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiros (MUC), Nélio Botelho.

O diretor presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Bens de Rio Grande, Giovani de Sá, observou a mesma coisa quando esteve junto à paralisação na região de Pelotas, no sul do Rio Grande do Sul. “A gente esteve lá pra dar apoio, mas não estamos participando. É uma ação dos próprios caminhoneiros, sem auxilio da entidade de classe. São autônomos que resolveram parar”, afirma. “O pessoal está aderindo, não são apenas os caminhoneiros, muita gente está se engajando”, completa.

Pegando carona na paralisação

Uma prova dessa adesão de outros movimentos ocorreu em Pelotas, onde o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) aderiu à paralisação dos caminhoneiros, bloqueando um pedágio na BR-116. No entanto, a assessoria de imprensa reitera que não dá apoio com fins políticos. 

“Vários grupos de diferentes orientações têm aproveitado a situação, mas deixamos claro que o MST está com os caminhoneiros dentro da reivindicação dos direitos trabalhistas e não dentro da questão política. Repudiamos isso, não estamos junto com qualquer movimento de impeachment ou coisa similar”, informou a assessoria de imprensa do MST.

O presidente do MUC, Nélio Botelho, teme que muita gente possa tentar pegar carona com intenção política ao dar apoio à categoria. O início da mobilização foi provocado pela pauta comum contrária ao aumento do diesel, mas foi iniciado pelos produtores rurais, entre os quais muitos são políticos ou têm ligação direta com parlamentares em Brasília.

“A maioria desses produtores é composta de políticos e empresários, sendo que muitos são contra o governo. E nessa hora fala mais alto o interesse político, por isso o movimento (MUC) não se meteu nessa questão, para não se tornar cobaia de políticos ou empresários... por isso temos alertado os caminhoneiros a tomar cuidado, porque pode ter interesse econômico e político por trás disso”, afirma Nélio Botelho, dizendo que uma categoria como a dos caminhoneiros, que tem nas mãos o transporte de quase toda a produção e que tem condições de praticamente parar o País, pode ser usada como massa de manobra política.

O impacto e a força da paralisação é evidente, uma vez que com menos de uma semana de mobilização, já aparece no horizonte o risco de desabastecimento. 

Fonte: Terra
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