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Senegalês que fala cinco idiomas espera ajudar turistas durante a Copa

Refugiado vive no Brasil há quase um ano e trabalha em um hotel em Porto Alegre

14 mar 2014 - 09h49
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Refugiado Abdoulaye Fall, 26 anos, deixou o Senegal para recomeçar no Brasil e hoje trabalha em um hotel de Porto Alegre
Refugiado Abdoulaye Fall, 26 anos, deixou o Senegal para recomeçar no Brasil e hoje trabalha em um hotel de Porto Alegre
Foto: Melissa Bulegon / Terra

A oportunidade de recomeçar a vida fez Abdoulaye Fall, 26 anos, abrir mão da família em Dakar, no Senegal, no continente africano, e embarcar em um navio para o Brasil em março do ano passado. A sugestão de abandonar o seu país, que enfrenta dificuldades econômicas e perseguições por causa de conflitos internos, e morar no Brasil foi feita por um amigo senegalês que mora no Rio de Janeiro. “Eu tinha morado na Espanha, mas lá tinha muito problema de racismo. Então meu amigo me falou do Brasil, que aqui não tinha esse preconceito”, contou.

<a data-cke-saved-href="http://noticias.terra.com.br/brasil/refugiados/" href="http://noticias.terra.com.br/brasil/refugiados/">veja o infográfico</a>

Formado em Francês e com cursos em eletrotécnica e eletrônica, Abdoulaye também tem conhecimento em idiomas como inglês, árabe e espanhol. Ao chegar ao Brasil, recebeu ajuda da Polícia Federal com a documentação. Depois de desembarcar no Rio, seguiu para São Paulo, onde permaneceu pouco tempo. Com o registro de refugiado em mãos, rumou para Porto Alegre em setembro, com planos de conseguir um emprego.

“Comprei um jornal e vi que estavam precisando de alguém para serviços gerais no Hotel Deville e me candidatei à vaga”, relembrou. Contratado por meio de um programa do Ministério do Trabalho, o senegalês acabou conquistando os novos colegas. “Todos estão muito felizes, sentem um carinho muito grande por ele e se impressionam com os idiomas que ele fala”, ressaltou o gerente geral Nelson Vila Nova Garcia.

O carisma de Abdoulaye é elogiado também pelo chef Alex Fiuza, com quem trabalha diretamente na cozinha do hotel. “No início ele tinha muita dificuldade com a língua, mas fomos ensinando, mostrávamos os objetos, fazíamos gestos. Ele sabe muita coisa, é muito inteligente. A gente sabe que onde ele está hoje é só um trampolim”, elogiou.

Apesar de estar há quase um ano em território brasileiro, Abdo ainda encontra dificuldades para entender e se expressar em português. Mas garante ter sido muito bem recebido no País. “Aqui quase não tem racismo”, disse.

Refugiados no Brasil: senegalês fala da vida em Porto Alegre:

De bem com o Brasil e sem cogitar ir embora, o senegalês se prepara para poder contribuir com o seu conhecimento em idiomas no hotel onde trabalha, principalmente durante a Copa do Mundo. Torcedor assumido da Seleção Canarinho, tem como ídolos Neymar e Ronaldinho. E garante: joga muito bem futebol. “Os colegas que jogaram com ele disseram que está aprovado”, brincou Alex.

O único porém na nova vida de Abdoulaye tem nome: Salla e Aminata: a mulher e a filha, de apenas 3 anos, que seguem em Dakar. Para amenizar a saudade das duas que estão a mais de 6,1 mil quilômetros de distância, somente por meio da internet, já que a ligação telefônica é cara. “É complicado. Eu quero trazê-las para cá”, diz, esperançoso, já que a legislação brasileira permite que a família de um refugiado seja trazida para o Brasil.

O sofrimento silencioso do senegalês tem despertado a solidariedade nos colegas de trabalho, que já se mobilizam para ajudar com uma “vaquinha” para que a família de Abdoulaye possa vir para o Brasil. Eles estimam que chega necessário cerca de R$ 7 mil para conseguir comprar as passagens. “Isso nos mostra duas coisas boas: o lado humano do brasileiro e o quanto o Abdoulaye é querido por todos aqui”, completou o gerente geral. 

Fonte: Terra
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