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Setor de construção vê restrição em financiamento de usados pela Caixa como entrave à recuperação

25 set 2017 - 17h13
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A decisão da Caixa Econômica Federal de reduzir o teto de financiamento para imóveis usados desperta preocupações entre participantes da indústria de construção e lança dúvidas sobre o ritmo de recuperação de um setor que ainda sente os efeitos da mais severa recessão econômica em décadas.

A Caixa anunciou na semana passada que voltaria a reduzir o limite de financiamento para imóveis usados a 50 por cento do valor do bem a partir de 25 de setembro, na mais recente de uma série de medidas que restringem a concessão de crédito imobiliário pelo banco. [nL2N1M320D]

Entidades que representam empresas de construção ainda conduzem estudos para mensurar o impacto da medida, mas a avaliação inicial é de que a decisão da Caixa pode retardar ainda mais a retomada dos negócios.

"O setor imobiliário vive um dos piores momentos. Já está muito difícil para nós e mais esse aperto no crédito não vem em bom momento", afirmou à Reuters nesta segunda-feira o vice-presidente de habitação popular do Sindicato da Indústria de Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Ronaldo Cury.

Segundo ele, as construtoras têm se empenhado para concluir obras em andamento e ainda são poucas as que se arriscam em lançar novos empreendimentos. "Na cidade de São Paulo, onde se pratica médio e alto padrão, o mercado tem ilhas de alegria em um mar de tristeza", comentou Cury, citando as faixas 2 e 3 do Minha Casa Minha Vida e produtos nicho.

Para o presidente do Secovi-SP, Flavio Augusto Ayres Amary, o impacto da medida anunciada pela Caixa deve ser generalizado, afetando tanto as vendas de imóveis usados quanto de novos. "Mas esperamos que essa seja uma solução temporária e que a Caixa busque outras alternativas", afirmou o presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo.

Mesmo assim, Amary disse que a tendência, embora lenta, é de recuperação no setor de setor de construção, à medida que a economia dá sinais de recuperação mesmo com toda a turbulência no cenário político.

Já o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, disse que ainda não analisou detalhadamente a decisão da Caixa, mas ressaltou que qualquer limitação na oferta de crédito é desfavorável para "um setor já fragilizado".

Na bolsa paulista, as ações da Cyrela e da MRV fecharam em queda de cerca de 4 por cento, em meio a preocupações com o impacto da decisão da Caixa para a recuperação do setor.

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