Sindicatos promovem atos em 16 estados contra terceirização
Houve passeatas, paralisações do transporte público e confronto entre policiais e manifestantes
Sindicatos fizeram protesto ao longo desta quarta-feira (15) em 16 estados brasileiros contra o projeto de lei que regulamenta a terceirização no país, aprovado na Câmara no dia 8. Há registro de ao menos um confronto entre policiais militares e manifestantes, que aconteceu em Vitória (ES). As manifestações são organizadas por sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras centrais sindicais.
Os protestos, que integram o Dia Nacional de Paralisação contra o Projeto de Lei (PL) 4.330/2004, ocorreram pela manhã em Alagoas, Amapá, Goiás, Piauí, Paraíba, Paraná, Esprito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Sergipe, Tocantins, Pará, São Paulo e no Distrito Federal.
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Houve paralisações no transporte público em pelos menos quatro capitais, segundo a CUT: Porto Alegre, Salvador, Recife e Brasília. O Dia Nacional de Paralisação contra a Lei da Terceirização também incluiu passeatas, manifestações e paralisações em diversos estados.
São Paulo
Manifestantes de centrais sindicais e de movimentos sociais iniciaram no início da noite uma caminhada pela Avenida Paulista em direção à Rua da Consolação após um ato político em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde queimaram bonecos representando o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, Paulinho da Força e o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A maioria é formada por pessoas ligadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). A caminhada irá até a sede da Caixa na Paulista, onde se juntará a um grupo de que faz protesto por moradias. Depois, eles se unirão ao pessoal do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto que estão no Largo da Batata.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, os protestos interditaram vias e provocaram paralisação de serviços. Em frente à Refinaria Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, um grupo de petroleiros e representantes da CUT atearam fogo em galhos e pneus colocados na pista, no sentido Rio, da Rodovia Washington Luiz.
O presidente da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio e Espírito Santo, Nilton Damião Esperança, alertou para a precarização do trabalho, principalmente no setor bancário, que ele representa, se o projeto for aprovado e sancionado. "Se virar lei, o projeto vai precarizar o serviço, contratando trabalhadores com salários mais baixos e com menos direitos. Se passar no Senado, vamos pressionar a presidenta Dilma para que ela vete este projeto", disse Nilton.
A presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio, Paula Máiran, também criticou o PL. "Se o projeto virar lei, será o equivalente a rasgar a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]. No caso dos jornalistas, o quadro será tenebroso, pois os patrões já violam os direitos dos trabalhadores e aí nem na Justiça poderemos ingressar para garantir os nossos direitos", disse Máiran.
Brasília
Manifestantes de centrais sindicais estão concentrados neste momento na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília. Eles protestam contra o projeto da terceirização, que está em votação esta tarde na Câmara dos Deputados.
Eles saíram da sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Conic, shopping localizado na região central da capital federal. De acordo com a CUT, cerca de 500 pessoas participam do ato. A manifestação é tranquila e não prejudica o tráfego de veículos na rodoviária.
Os bancários pararam durante um ato no Setor Bancário Sul, ainda pela manhã, e depois retornaram ao trabalho.
Porto Alegre
Em Porto Alegre, na manhã desta quarta-feira, as paralisações contra o projeto de terceirização atingiram principalmente o transporte público. O começo do dia foi complicado para a população, que encontrou estações fazias, poucos ônibus e bloqueios por conta de manifestações.
Logo no início da manhã, a ponte do Guaíba foi bloqueada por manifestantes provocando um gigante congestionamento na zona norte da cidade, principalmente na avenida Sertório. Nas estações da Trensurb, a população encontrou as portas fechadas com o aviso “estamos em greve”.
Como parte da mobilização na capital gaúcha, a frota de ônibus da Carris, empresa pública de transporte, não circula desde o início da manhã. Manifestantes bloqueiam a garagem da empresa impedindo a saída dos veículos, de acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação. Um homem armado com um afiador de faca atacou rodoviários que promoviam a paralização.
Paraná
No Paraná, diversas centrais sindicais se juntaram à CUT nas mobilizações, dentre elas a Força Sindical que, nacionalmente, tem apoiado o PL. Com apoio de outras centrais, foram feitas paralisações de algumas categorias na parte da manhã, como bancários e metalúrgicos. As paralisações duraram entre uma e duas horas. Houve um ato no final da manhã que saiu da Praça Santos Andrade em direção à Boca Maldita, encerrando por volta das 14h30.
Vitória
Policiais militares e manifestantes contrários entraram em confronto em Vitória (ES). Durante o tumulto, a PM utilizou bombas de efeito moral para tentar dispersar os manifestantes. A assessoria da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social informou à Agência Brasil que o direito à manifestação está sendo respeitado, mas que o uso da força policial foi necessário para cumprir uma decisão judicial de ontem (14), que determinou que não houvesse fechamento de vias de acesso à capital.
Belo Horizonte
Em Belo Horizonte, bancários fizeram um protesto, no final da manhã, na Praça Sete, região central. Segundo o Sindicato dos Bancários de Belém, a categoria paralisou as atividades nesta manhã.
Fortaleza
No Ceará, sindicatos e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) organizaram atos na capital e em outras cidades do estado.
A CUT calculou que a mobilização reuniu 8 mil pessoas no centro da capital. A Polícia Militar não fez estimativa de público e informou que não foi registrado nenhum incidente durante o ato.
Segundo a presidenta do diretório da CUT no Ceará, Joana D'Arc, setores como os da educação, saúde e construção civil aderiram à paralisação. Alguns trabalhadores do transporte alternativo pararam vans na rua em apoio a manifestação.
“Diversas categorias aderiram ao protesto contra o projeto que não regulamenta a terceirização, mas abre espaço para precarizar o trabalho. Uma de nossas reivindicações é que seja retirada a liberação da terceirização para a atividade-fim”, disse Joana D'Arc.
Recife
Na capital pernambucana, pela manhã, motoristas e cobradores de ônibus de várias empresas de transporte que atendem à região metropolitana do Recife cruzaram os braços e não deixaram as garagens ou estacionaram os veículos em fila dupla, tumultuando o trânsito na região central. A Secretaria Municipal de Mobilidade e Controle Urbano informou que os agentes da Companhia de Trânsito e Transporte Urbana do Recife estão controlando o tráfego a fim de evitar maiores transtornos no trânsito.
Parte dos metroviários também aderiu ao movimento, o que obrigou a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) a interromper as operações entre as 9h e as 16h, concentrando os esforços nos horários de maior movimento (5h às 9h e 16h às 21h). Nesses períodos, os metrôs estão sendo operados pelos supervisores e coordenadores de maquinistas. Segundo o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco, “apesar dos esforços contrários, o metrô parou em protesto contra o PL 4.330, que detona com a classe trabalhadora”. A assessoria da CBTU, no entanto, informou que o impacto da paralisação foi reduzido pela interrupção dos ônibus, já que boa parte dos usuários não conseguia chegar ao Recife.
As cidades de Maceió (AL), Macapá (AP), Goiânia (GO), Teresina (PI), João Pessoa (PB) e Campina Grande (PB), entre outras, tiveram atos e caminhadas durante o Dia Nacional de Paralisação contra o Projeto de Lei 4.330/2004. Segundo a CUT, támbém há registros de manifestações em Sergipe e Rondônia nesta manhã.