Sob pressão, Temer cancela ida ao G20 na Alemanha
O presidente Michel Temer decidiu não participar da próxima cúpula do G20, que será realizada nos dias 7 e 8 de julho na cidade de Hamburgo, na Alemanha, informou o Palácio do Planalto na noite dessa quarta-feira (28).
A assessoria do presidente da República não explicou os motivos do cancelamento e nem informou se o Planalto enviará um representante. Na agenda estava previsto um almoço com a chanceler federal alemã, Angela Merkel.
Em 2016, Temer participou da reunião do G20 na China. Ele embarcou horas depois de o Senado ter aprovado o impeachment de Dilma Rousseff.
A Alemanha detém desde 1º de dezembro do ano passado, e pela terceira vez, a presidência do grupo das 20 principais economias globais, e por isso é a anfitriã da cúpula anual de chefes de Estado e de governo. Fazem parte do G20: Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos e a União Europeia.
O cancelamento de compromissos internacionais - um encontro com o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, também foi desmarcado - ocorre em meio a uma crise política e institucional no Planalto. Nesta semana, Temer foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo crime de corrupção passiva, tornando-se o primeiro presidente em exercício da história do país a ser formalmente acusado de um crime penal.
No entanto, Temer não cancelou a viagem para Mendoza, na Argentina, marcada para final de julho, quando o Brasil assumirá a presidência rotativa do Mercosul.
A avaliação geral é de que Temer pretende permanecer no Brasil para assegurar vitórias em votações na Câmara e no Senado. Quando Temer viajou à Rússia e à Noruega na semana passada, o governo sofreu uma derrota quando o relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB/ES) sobre a reforma trabalhista foi rejeitado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Na Noruega, Temer foi alvo de críticas e cometeu gafes que geraram desconforto diplomático.
A expectativa é que sejam votadas nas próximas semanas as mudanças nas regras trabalhistas e que, até o fim de julho, o Planalto tente barrar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer. Para que isso aconteça, é necessário que 172 deputados federais não compareçam ou votem contra a aceitação do processo. O presidente vem investindo na tese de que é alvo de perseguição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Invasão no Palácio da Alvorada
Também nesta quarta-feira, um jovem tentou invadir o Palácio da Alvorada, residencia oficial da Presidência da República, em Brasília. O incidente ocorreu por volta das 19 horas, e o motorista, que aparenta ser menor de idade, de acordo com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, foi preso sem ferimentos e levado para a Polícia Federal (PF).
De acordo com comunicado do GSI, mesmo após receber alertas de parada, o motorista avançou com seu veículo sobre a grade da entrada principal de acesso ao prédio e derrubou o portão de acesso. O motorista só parou na área interna do palácio após os seguranças realizarem disparos de arma de fogo contra o veículo. A nota informa ainda que a Polícia Federal conduzirá as investigações do incidente.
Os dois acessos ao Palácio da Alvorada foram bloqueados. No local, foram avistadas viaturas do Exército e da Polícia Federal, que chegou por volta das 22 horas.
Apesar de o palácio ser a residência oficial da Presidência da República, Temer optou por morar no Palácio do Jaburu e não estava no local. A Alvorada tem sido utilizada por Temer para reuniões com políticos.