SP: Comissão da Verdade tenta barrar tese sobre morte de JK
A Comissão da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara Municipal de São Paulo, ingressará com um mandado de segurança para impedir que a Comissão Nacional da Verdade (CNV) publique o relatório sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Segundo a CNV, a sua morte ocorreu de forma acidental. Já os vereadores contestam essa tese.
As diferentes versões sobre a morte foram discutidas nesta terça-feira, em audiência pública realizada na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo). Na ocasião, o o presidente da Comissão da Verdade da Câmara, Gilberto Natalini (PV), disse que há necessidade de ampliar as investigações antes da conclusão. “A Comissão Nacional da Verdade não pode publicar o relatório sem ouvir todos os envolvidos, principalmente os que presenciaram o acidente”, enfatizou o vereador.
Segundo o professor de direito econômico e economia política da Universidade de São Paulo (USP), Gilberto Bercovici, o mandado de segurança é cabível e viável. Ele reforçou a necessidade de investigações para que não se deturpe a verdade. "Ao não fazer direito as investigações, isso compromete todas as outras comissões”, afirmou.
O ex-presidente JK e seu motorista, Geraldo Ribeiro, morreram em um acidente de carro em 1976. Em relatório apresentado no ano passado pela Comissão da Verdade, os vereadores apresentaram mais de 90 provas que contestam a versão do regime militar.
Entre as evidências coletadas pelo colegiado está o depoimento do motorista de ônibus Nunes de Oliveira, que relatou o momento em que o carro em que estava JK "ultrapassou o ônibus pela direita e não fez a curva". O secretário de JK na época, Serafim Jardim, revelou que o ex-presidente recebia ameaças e estava sendo vigiado por agentes do governo militar. Já o perito criminal Alberto Carlos de Minas relatou ameaças para não vincular o "acidente automobilístico” a um atentado político.
A Operação Condor, aliança político-militar criada na década de 70 para reprimir grupos e indivíduos contrários aos regimes ditatoriais instalados na América do Sul, de acordo com a Comissão da Verdade, também poderia estar envolvida na morte do ex-presidente.