SP: por Plano Diretor, MTST acampa em frente à Câmara
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) montaram nesta terça-feira um acampamento em frente à Câmara Municipal de São Paulo para pressionar os vereadores a acelerarem a votação do projeto que trata da revisão Plano Diretor Estratégico (PDE) e traz as diretrizes do desenvolvimento urbano do município pelos próximos 16 anos. O MTST quer que áreas ocupadas sejam transformadas em Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) e, assim, possam servir a moradias populares.
O protesto dos sem-teto em direção à Câmara saiu da praça da República, no centro da capital, por volta das 15h desta terça-feira. De acordo com a Polícia Militar, ao menos mil manifestantes participaram do ato. Guilherme Boulos, um dos coordenadores do MTST, disse que o acampamento não sairá da calçada da Câmara até a aprovação do PDE --até 300 pessoas devem permanecer no local.
Após a pressão, líderes do movimento foram recebidos no fim da tarde pelo presidente da Câmara, José Américo (PT), e pelo vereador Alfredinho (PT), líder do PT na Casa e autor de um projeto que regulariza a ocupação Copa do Povo, em Itaquera, na zona leste --a área ficou de fora do Plano Diretor, ao contrário, por exemplo, da ocupação Nova Palestina, no Jardim Ângela, na zona sul.
De acordo com a coordenadora Jussara Basso, ficou acordado na reunião que o PDE e o projeto da Copa do Povo deverão ser votados até sexta-feira. "O acordo foi firmado e não será quebrado", disse Jussara aos manifestantes. Já a assessoria do vereador Alfredinho informou que foi combinado que haverá um "esforço" para acelerar a votação do PDE até sexta --hoje não houve quorum para levar a questão adiante.
O Plano Diretor foi aprovado em primeira votação no dia 30 de abril. Para ser aprovado agora em segundo turno, precisa do voto favorável de 33 vereadores.
Para o MTST, vereadores ligados a empreiteiras estão barrando a votação do PDE na Casa. No protesto de hoje, eles exibem faixas e cartazes no qual acusam o vereador Police Neto (PSD) de agir a favor do mercado imobiliário, obstruindo a votação.
Procurado, o vereador negou que seja contra a aprovação do Plano Diretor e disse que não há irregularidade alguma na doação que recebeu. "Foi uma doação pública e legal, que está na prestação de contas da campanha", disse Police Neto, que afirmou ainda que vários outros vereadores receberam doações de empreiteiras. A assessoria do vereador disse também que ele sempre foi a favor da habitação popular e está desde o início engajado com o Plano Diretor.
Novas ocupações
O MTST afirma ainda que fará uma nova ocupação por semana até que o projeto seja votado. “Temos três ou quatro terrenos em vista na capital”, disse Josué Rocha, um dos coordenadores do movimento em São Paulo. Na noite da última sexta-feira, cerca de 800 famílias ocuparam um terreno da construtora Even no Morumbi, zona sul da capital.
“A área estava ociosa há mais de 20 anos”, disse Rocha. A construtora afirma que o terreno foi adquirido há três anos e que a ocupação é “totalmente irregular”. “A empresa tomou todas as medidas legais necessárias para garantir seus direitos e efetivar a reintegração de posse”, informou a Even, em nota.