Temer convoca reunião para debater escândalo da carne
O presidente Michel Temer convocou neste sábado (18/03) uma reunião de emergência para debater as consequências da Operação Carne Fraca. Ele vai se reunir neste domingo com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e depois com representantes das associações de exportadores para tentar reduzir danos às exportações brasileiras de carne.
O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador, fornecendo para mais de 150 países. As multinacionais envolvidas no escândalo insistiram que seus produtos são seguros, apesar do receio entre o público.
Nesta sexta-feira, a Polícia Federal realizou a Operação Carne Fraca para recolher provas contra uma organização criminosa liderada por fiscais do Ministério da Agricultura, executivos de grandes empresas do setor alimentício e intermediários que estariam vendendo carne com validade vencida e até mesmo estragada.
O caso surge num momento sensível, quando o Brasil e outros membros do Mercosul procuram um acordo de comércio com a União Europeia. Temer deveria falar neste sábado por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas a agenda da conversa não foi revelada. Os Estados Unidos começaram a receber, no ano passado, importações de carne crua do Brasil.
Segundo as investigações, os agentes públicos, utilizando-se do poder de fiscalização do cargo, recebiam propinas para liberar a comercialização de carne adulterada, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva. A carne imprópria para consumo era destinada tanto ao mercado interno quanto à exportação.
Segundo informações do Ministério da Agricultura, em 2016, o Brasil exportou mais de 1 milhão de toneladas de carne bovina. Os principais destinos foram Hong Kong, Egito, China e Rússia. Também foram exportados cerca de 3,9 milhões de toneladas de carne de frango in natura, cujos principais compradores foram Arábia Saudita, China, Japão, Emirados Árabes Unidos e Hong Kong. No mesmo ano foram abatidas 42,3 milhões de cabeças de suínos para o mercado interno e externo.
Maggi defendeu o sistema de inspeção agropecuária brasileiro e disse que a fiscalização é "forte, robusta e séria". Segundo ele, o ministério está tomando todas as providências sobre as denúncias levantadas pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, e não há motivos para a população ter receio de consumir carne.
"O que aconteceu foi desvio de alguns servidores, de algumas empresas, nós temos que discutir como foi que isso aconteceu. Mas eu posso garantir com toda tranquilidade: eu não deixarei de consumir e recomendo que você também não deixe porque não há risco nenhum", afirmou em declarações à Agência Brasil.