Temer fica em silêncio durante interrogatório na PF
Ex-presidente foi preso acusado de liderar organização criminosa
O ex-presidente Michel Temer se recusou a prestar depoimento nesta sexta-feira (22) na Superintendência Regional da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, onde está detido desde ontem(21). A informação foi revelada pela procuradora da República Fabiana Schneider, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio.
De acordo com Schneider, o grupo recebeu um comunicado da defesa do ex-presidente afirmando que ele permaneceria em silêncio, justamente por isso Temer não foi chamado para depor. Dos oito presos na operação desta quinta-feira (21), apenas o ex-ministro Moreira Franco aceitou prestar esclarecimentos. Ele negou que teria recebido ou oferecido propina.
A promotora ainda explicou que todos os fundamentos dos mandados de prisão são sólidos para justificar a prisão de todos os envolvidos no escândalo de corrupção, principalmente porque Temer, Moreira e os demais acusados fazem parte de uma organização criminosa responsável por ocultar patrimônio há cerca de 40 anos. "A força-tarefa do Rio de Janeiro tem sido bastante comedida nos seus pedidos de prisão. Se não houvesse motivos suficientes para prisão preventiva, com toda certeza, nós não faríamos esses pedidos. Nós estamos absolutamente convencidos da necessidade da manutenção da prisão. A gente está falando de uma organização criminosa que assalta o erário há quase 40 anos, em valores muito superiores aos quais estamos acostumados, de R$ 1,8 bilhão, pelo menos", disse.
Questionada sobre um possível liberação dos detidos por meio de habeas corpus impetrados no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, Schneider ressaltou que essa medida poderia atrapalhar o decorrer das investigações. "Não é a expectativa que nós temos. Gostaríamos que o nosso pedido continuasse vigente, mas aí é o entendimento de cada magistrado. Pode atrapalhar, tanto que a força-tarefa pediu a prisão", afirmou.
De acordo com TRF2, os pedidos de habeas corpus só serão analisados na próxima semana. A decisão foi tomada hoje pelo desembargador Antonio Ivan Athié. Além dele, o desembargador Abel Gomes e o juiz federal convocado Vlamir Costa Magalhães ficarão responsáveis por julgar os recursos. Na Operação Descontaminação foram presos Temer, Moreira Franco, Vanderlei de Natale, Carlos Alberto Costa, João Baptista Lima Filho, o coronel Lima e a mulher dele, arquiteta Maria Rita Fratezi.
Todos foram detidos por determinação do juiz federal Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, responsável pelas ações de desdobramento da Operação Lava Jato.
A Operação Descontaminação investiga desvios na Eletronuclear.
Ao todo, foram expedidos oito mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 24 de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Paraná e Distrito Federal. (ANSA - Com informações da Agência Brasil)