Testemunha de linchamento no Guarujá: 'culpa é da internet'
O auxiliar Jonas Tiago Andrade, 27 anos, foi uma das pessoas que tentou ajudar Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, que acabou morrendo após ser linchada por dezenas de pessoas em uma comunidade no Guarujá, litoral de São Paulo. Ele prestou depoimento na tarde desta terça-feira, no 1º Distrito Policial da cidade e contou o que viu no dia do fato. Segundo ele, a culpada da morte é a internet.
Fabiane teria sido confundida com uma mulher suspeita de ter sequestrado uma criança no bairro de Morrinhos para praticar rituais de magia negra. O caso foi registrado na noite de sábado e teria sido motivado por uma publicação no Facebook. Na mensagem postada na rede social, uma página mostrava a foto de uma mulher parecida com a que foi agredida.
Os moradores reconheceram uma vizinha como a pessoa da foto. Fabiane foi amarrada, arrastada e espancada por um grupo de pessoas após a divulgação da imagem, segundo a Polícia Civil. A vítima foi enterrada na manhã desta terça-feira, sob protestos de familiares. Ela deixa duas filhas de 1 e 13 anos de idade.
“Eu estava tirando uma pessoa de cima dela, dá pra ver na filmagem, mas tinha mais de 3 mil pessoas lá. Não foi todo mundo que bateu, mas a culpada de tudo é a internet. Por que existe essa p.... aí? O retrato falado era de uma mulher do Rio de Janeiro e não dela. Eu estava defendendo a moça. Estou tentando ajudar. Quem não deve não teme”, disse Tiago.
Daiane Jéssica, 25 anos, outra testemunha do linchamento, também prestou depoimento. “Prestei depoimento porque no dia dei entrevista. Quero deixar claro que nunca tive participação no que ocorreu com a Fabiane. Eu não apareço nos vídeos e não a agredi. Eu vi as agressões, mas éramos minoria. Não havia o que fazer porque eram mais de 3 mil pessoas. Estão discriminando o Morrinho e não era só gente de lá. Tinha gente de Vicente de Carvalho e de vários outros lugares. Muita gente bateu nela”, explicou.