Testemunhas citam discussões e traição de Matsunaga a Elize
Duas testemunhas ouvidas na tarde desta segunda-feira durante o júri de Elize Matunaga afirmaram que as brigas entre o casal eram constantes e que o marido Marcos Matsunaga estava traindo a vítima na semana em que foi morto. Elize é acusada pela morte do empresário, caracterizado como homicídio doloso triplamente qualificado: por motivo torpe, meio cruel e recursos que dificultaram a defesa da vítima.
A babá Mauriceia Gonçalves dos Santos, que trabalhou com o casal por cerca de um ano, conta que nos últimos tempos, antes da morte de Marcos, as brigas entre os dois eram constantes. Porém, ela afirmou que sempre que isso acontecia, se retirava do ambiente com a filha do casal para não ouvir as discussões.
Durante o depoimento, ela pediu ao juiz Adilson Paukoski Simoni que Elize fosse retirada do plenário. Apesar de dizer que ela tinha boa relação com a antiga patroa, Mauriceia afirmou ter ficado com "sisma" dela depois do crime. "Como eu disse em depoimento que ela comprou uma serra no dia do crime, acho que isso pode ter deixado ela com raiva de mim", afirmou ao juiz.
A babá disse que Elize nunca fez mal a ela e que o casal sempre foi generoso. Lembrou de um episódio em que ambos bancaram uma consulta médica para a sua neta, que sofria de convulsões. "Eles pagaram a consulta para que a gente pudesse saber exatamente qual era o problema que vinha causando essas convulsões", disse.
Detetive
Nos dias que antecederam o crime, a babá e a filha do casal, acompanhadas por Elize, viajaram para o interior do Paraná, para visitar a família da ré. Mas antes de viajar, Elize contratou um detetive, que ficou responsável por seguir os passos de Marcos, que ficou em São Paulo.
Ela deu a ele as informações sobre os hábitos do marido e entregou a ele pelo menos três nomes de possíveis amantes de Marcos. O trabalho durou três dias e Elize era informada por telefone sobre o que estava acontecendo.
No depoimento durante o júri, o detetive Willian Coelho de Oliveira disse que flagrou Marcos acompanhado por uma mulher, que ele definiu como morena, magra, alta, mas negou ser bonita.
O detetive disse que os dois foram em um restaurante e frequentaram um flat no período das investigações. As imagens da suposta traição foram entregues a Elize na segunda-feira, dia 21 de maio de 2012, dois dias após o crime, que aconteceu no sábado, dia 19.
O crime
O executivo da Yoki, Marcos Kitano Matsunaga, 42 anos, foi considerado desaparecido em 20 de maio de 2012. Sete dias depois, partes do corpo foram encontradas em Cotia, na Grande São Paulo. Segundo apuração inicial, o empresário foi assassinado com um tiro e depois esquartejado.
Principal suspeita de ter praticado o crime, a mulher dele, a bacharel em Direito e técnica em enfermagem Elize Araújo Kitano Matsunaga, então com 31 anos, teve a prisão temporária decretada pela Justiça no dia 4 de junho de 2012. Eles eram casados há três anos e tinham uma filha de 1 ano. O empresário era pai também de um filho de 3 anos, fruto de relacionamento anterior.
Para o Ministério Público Estadual (MPE), Elize matou o marido para ficar com o dinheiro de um seguro de vida no valor de R$ 600 mil. O promotor José Carlos Cosenzo ainda suspeita que ela tenha obtido a ajuda de outra pessoa.