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Transferência de Marcola e de outros 21 membros do PCC gera tensão em policiais e agentes de SP por temor de ataques

Líder da maior facção criminosa brasileira e outros 21 integrantes do grupo foram transferidos para presídios federais.

13 fev 2019 - 12h57
(atualizado às 13h45)
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Líder do PCC e outros 21 integrantes da maior facção brasileira foram transferidos para presídios federais
Líder do PCC e outros 21 integrantes da maior facção brasileira foram transferidos para presídios federais
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A transferência de presos ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) nesta quarta-feira gerou um clima de tensão entre agentes de segurança pública do Estado de São Paulo.

Desde a madrugada, as polícias civil e militar, em conjunto com agentes federais, fazem uma megaoperação para transferir o líder da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e outras 21 pessoas para presídios federais. A expectativa é que Marcola vá para Brasília e que os outros presos também sejam enviados para os Estados de Rondônia e Rio Grande do Norte.

A megaoperação feita nos presídios de Presidente Venceslau e Presidente Bernardes, no interior paulista, bloqueou rodovias, fechou aeroportos e envolveu centenas de agentes de segurança. Foram encaminhados para a região policiais da Rota - a tropa de elite da PM paulista -, helicópteros, caminhões da Tropa de Choque e diversos agentes de inteligência da Polícia Civil.

A operação ainda conta com soldados da Força Aérea Brasileira (FAB), Exército Brasileiro, Coordenação de Aviação Operacional e Comando de Operações Táticas da Polícia Federal, além da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Também participam agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Tensão nos presídios

Diretores de presídios, agentes penitenciários e policiais militares ouvidos pela BBC News Brasil disseram que a operação causou um clima de tensão em todas as unidades com integrantes do PCC. Os agentes temem que a facção emita um "salve geral", como são chamadas as ordens de ataques contra prédios públicos e agentes de segurança, com a intenção de gerar terror e demonstrar insatisfação.

Situação semelhante a essa ocorreu em junho de 2006, quando centenas de presos do PCC foram transferidos para Presidente Venceslau. Naquele ano, houve uma guerra entre membros da facção e agentes de segurança.

Na época, 59 agentes de segurança foram mortos em cinco dias e ao menos 500 pessoas foram mortas nas semanas seguintes. Mais de 300 prédios públicos, como batalhões policiais, foram alvos de ataques a tiros e bombas. Ônibus foram incendiados e toda a mobilidade da maior cidade da Amérixca Latina foi afetada pelo medo que as pessoas tiveram de sair de casa.

Comércios fecharam mais cedo e boa parte das empresas de ônibus deixaram de colocar a maior parte de sua frota nas ruas, com medo dos ataques.

Agentes ouvidos pela BBC News Brasil disseram que também foi posta em andamento uma operação de blitz geral no sistema penitenciário em todas as unidades comandadas pelo PCC no Estado de São Paulo.

A intenção é bloquear a comunicação entre os presos durante as tranferências dos líderes do PCC. Até mesmo agentes penitenciários que estavam de folga nesta quarta foram acionados para fazer a varredura nas unidades.

Os agentes entrevistados, porém, dizem que essa operação só terá efeito um efeito momentâneo, de algumas horas. "Quando ocorrem revistas assim, os presos escondem os celulares e ficam sem comunicação. Mas eles logo recuperam os aparelhos de novo. A gente acha que a comunicação entre eles será retomada à noite ou na madrugada de amanhã", afirmou um agente que pediu para não ser identificado.

O Governo de São Paulo informou que fez as transferências em cumprimento a decisão da Justiça após pedido do Ministério Público. A Promotoria fez a solicitação no dia 28 de novembro de 2018, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A decisão foi aceita pela Justiça na última semana.

Em nota, o governo disse que "o isolamento de lideranças é estratégia necessária para o enfrentamento e o desmantelamento de organizações criminosas."

Paralelamente à transferência de presos, o Governo de São Paulo faz uma operação com 21.934 policiais e 13 helicópteros em mais de 3 mil pontos em todo o Estado. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, as equipes estão desde as 5h "em pontos estratégicos, apontados pelo serviço de inteligência da PM, para sufocar possíveis ações de criminosos."

A pasta informou que a operação estava programada e não tem nenhuma relação com as transferências.

Veja o nome de todos os presos transferidos nesta quarta-feira:

- Lourinaldo Gomes Flor ('Lori')- Marcos Williams Camacho ('Marcola')- Pedro Luís da Silva ('Chacal')- Alessandro Garcia de Jesus Rosa ('Pulft')- Fernando Gonçalves dos Santos ('Colorido')- Patric Velinton Salomão ('Forjado')- Lucival de Jesus Feitosa ('Val do Bristol')- Cláudio Barbará da Silva ('Barbará')- Reginaldo do Nascimento ('Jatobá')- Almir Rodrigues Ferreira ('Nenê de Simone')- Rogério Araújo Taschini ('Taschini'/'Rogerinho')- Daniel Vincius Canônico ('Cego')- Márcio Luciano Neves Soares ('Pezão')- Alexandre Cardoso da Silva ('Bradok')- Julio Cesar Guedes de Moraes ('Julinho Carambola')- Luis Eduardo Marcondes Machado de Barros ('Du da Bela Vista')- Celio Marcelo da Silva ('Bin Laden')- Cristinao Dias Gangi ('Crisão')- José de Arimatéia Pereira Faria de Carvalho ('Pequeno')- Alejandro Juvenal Herbas Camacho Marcola Júnior ('Marcolinha')- Reinaldo Teixeira dos Santos ('Funchal')- Antonio José Muller Junior ('Granada')

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