Mobilizados desde cedo pela continuação da greve que já dura nove dias, os rodoviários rejeitaram nesta terça-feira a proposta feita ontem para tentar fazer voltar às ruas parte da frota de ônibus de Porto Alegre. Centenas de grevistas, muitos deles vestidos com os uniformes das empresas, se uniram em assembleia para decidir que não aceitariam os 7,5% de aumento salarial propostos em uma reunião que contou com representantes da categoria, empresários, prefeitura e a Justiça. Assim, a paralisação no transporte público continua na capital gaúcha.
"São os senhores que decidem qual vai ser o rumo dessa greve", afirmou Luís Afonso Martins, militante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e um dos líderes do movimento, recebendo em resposta os gritos de "greve! Greve!". A votação começou por volta das 10h, duas horas após o início previsto. O comando de greve reclamou do horário marcado para a assembleia, sugerindo que seria uma tentativa de desmobilizar os grevistas.
Mesmo antes de entrar no Ginásio Tesourinha, palco municipal da assembleia convocada para definir o futuro da greve, os rodoviários já indicavam que não aceitariam o acordo feito ontem. "7,5% é esmola" e "ei, comissão: 7,5% é exploração" estavam entre os gritos entoados pelos grevistas nesta manhã. Reunidos do lado de fora do ginásio, eles riam das propostas apresentadas no dia anterior e garantiam a continuidade da paralisação que afeta, todos os dias, a mobilidade de 1 milhão de pessoas.
Contentes com a adesão da categoria e com o impacto causado na locomoção das pessoas em Porto Alegre - o que, acreditam, gera apoio para a causa -, os rodoviários listavam, uma por uma, as empresas de ônibus afetadas. "A Carris parou! A Conorte parou! A Unisul parou!", gritavam, comemorando, até concluir que "Porto Alegre parou!". Eles deixavam claro, ainda, que os "patrões" não tinham poder ali. "Eu já falei, vou repetir: são os empregados que mandam aqui!".
"Não tem história: é greve até a vitória!", bradavam, em uníssono, os rodoviários nas arquibancadas do ginásio. Eles rejeitaram duas das três propostas firmadas no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) no dia anterior. O reajuste no valor do vale-alimentação foi aceito, mas a contribuição no plano de saúde por parte do funcionário e o aumento salarial de 7,5% foram rechaçados. Os grevistas voltaram a exigir a negociação daquela reivindicação que consideram "pauta máxima" da greve: a jornada de trabalho de 36 horas semanais. Os grevistas ainda querem participação no lucro das empresas, adicional por risco de vida e fim do banco de horas.
Ao fim da assembleia, integrantes do Movimento Independente Rodoviário (MIR) pediram aos grevistas que os acompanhassem em uma passeata em direção ao TRT. Alceu Weber, parte do comando da greve, sugeriu ainda que fosse mantida uma vigília de 24 horas até que as reivindicações da categoria sejam atendidas. "O desespero da patronal mostra que estamos no caminho certo, e a vitória não está longe", disse. Ao todo, 1.150 rodoviários, entre motoristas e cobradores, participaram da reunião.
Como a greve continua, 100% dos ônibus permanecem parados nas garagens das empresas. Em função da negativa do acordo, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) definiu a continuidade do serviço de lotações, que podem circular nos corredores de ônibus, e também de vans escolares, com redução na tarifa, que passa a custar R$ 4. A EPTC acredita que aproximadamente 40% da frota de veículos escolares está atendendo a população, mas o número é muito aquém do necessário para a normalização do sistema de ônibus em Porto Alegre
27 de janeiro - Motoristas de ônibus cruzaram os braços no primeiro dia da greve dos rodoviários que afeta o transporte coletivo de Porto Alegre. Apenas 30% da frota está nas ruas, com os demais ônibus parados em garagens. Entre outras reivindicações, os rodoviários pedem reajuste salarial
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
27 de janeiro - A frota de táxis foi alertada sobre a greve e está mobilizada. Veículos se tornaram alternativa enquanto dura a greve dos rodoviários, que começou no dia 27 de janeiro e segue por tempo indeterminado
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
27 de janeiro - Filas em parada de ônibus em Porto Alegre: cena que se repetiu em diversos pontos da capital gaúcha no primeiro dia da paralisação. A greve dos rodoviários deve afetar, ao todo, mais de 1 milhão de passageiros
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
28 de janeiro - Rodoviários decidem entrar em greve total em Porto Alegre. Todos os ônibus que estavam na rua voltaram para as garagens
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
30 de janeiro - Grevistas bloquearam a entrada da garagem da Carris, impedindo a saída de ônibus no quatro dia de greve. Apesar disso, algumas empresas voltaram a colocar veículos nas ruas
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
30 de janeiro - Após quase duas horas e meia de negociação na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª região (TRT-4), em Porto Alegre, as empresas de ônibus, sindicato dos rodoviários e prefeitura negociaram uma trégua na greve por 10 dias
Foto: Daniel Favero / Terra
30 de janeiro - Após muito diálogo, ficou acordado que o plano de saúde será prorrogado por 10 dias, além de R$ 1 de aumento o vale alimentação, para que as negociações possam ser retomadas
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Preocupado com possíveis protestos em meio à greve que afeta desde 27 de janeiro o transporte público em Porto Alegre, um empresário vestido como Zorro resolveu alertar a população munido de um cartaz e distribuindo panfletos no Centro da capital gaúcha. Em sincronia com o pedido do José Fortunati (PDT) de solicitar apoio da Brigada Militar para deixar os ônibus saíram das garagens, o "super-herói" pede ajuda da Força Nacional para garantir a circulação dos coletivos e a segurança da população
Foto: Guilherme Justino / Terra
31 de janeiro - Reunidos em assembleia no Ginásio Municipal Tesourinha, os rodoviários de Porto Alegre decidiram, por ampla maioria, manter a greve da categoria, que já dura cinco dias
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - Reunidos em assembleia no Ginásio Municipal Tesourinha, os rodoviários de Porto Alegre decidiram, por ampla maioria, manter a greve da categoria, que já dura cinco dias
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - Do lado de fora da assembleia, militantes de partidos de oposição ao prefeito José Fortunati distribuíam panfletos de apoio aos grevistas
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - militantes de partidos de oposição ao prefeito José Fortunati distribuíam panfletos de apoio aos grevistas
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - Cerca de 300 pessoas se reúnem em frente à prefeitura de Porto Alegre para um ato de apoio à greve dos rodoviários
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Fila de passageiros à espera de lotação faz a curva na esquina em frente à prefeitura de Porto Alegre, onde um ato marca apoio à greve
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Passageiros enfrentam longa fila na espera por ônibus-lotação na rua Sete de Setembro, no centro de Porto Alegre
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Boneco representando o prefeito Fortunati é queimado durante manifestação
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Ativistas protestam em frente ao prédio do jornal Zero Hora
Foto: Cau Guebo / Futura Press
31 de janeiro - A Brigada Militar deslocou a cavalaria e o Choque para proteger o prédio da empresa privada
Foto: Cau Guebo / Futura Press
31 de janeiro - Rodoviários e ativistas do Bloco de Lutas realizam protesto em frente à sede do jornal Zero Hora, da empresa RBS
Foto: Cau Guebo / Futura Press
1º de fevereiro - O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, anuncia que vans escolares serão autorizadas a fazer transporte coletivo na capital a preço de táxi-lotação: R$ 4,20
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Ônibus improvisado da Teka Transportes no centro de Porto Alegre operando no trajeto da linha Pinheiro 398
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Sandra, que já trabalha com transporte escolar na Restinga e tem bons conhecimentos do circuito e da população, está fazendo o trajeto Centro-Restinga
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Sandra, motorista da van escolar, acomoda suas passageiras, antes de iniciar nova viagem até a Restinga
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Passagem na linha improvisada de R$ 3,00 - preço na linha oficial é R$ 2,85
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
3 de fevereiro - Em nova audiência de conciliação mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os representantes dos rodoviários de Porto Alegre sinalizaram com a possibilidade de voltar ao trabalho
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
3 de fevereiro - Em acordo firmado junto ao sindicato patronal, os trabalhadores se comprometeram a retomar a circulação dos ônibus da capital a partir do meio-dia de terça-feira. O fim da greve, entretanto, depende de aprovação em assembleia prevista para ocorrer às 8h, no ginásio Tesourinha
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
4 de fevereiro - Rodoviários participam de assembleia na manhã desta terça-feira em Porto Alegre para decidir futuro da greve do transporte público na capital gaúcha
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Rodoviários se reúnem no Ginásio Tesourinha, em Porto Alegre, para decidir se aceitam a proposta definida em reunião na segunda-feira
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Assembleia dos rodoviários irá definir se categoria aceita a proposta formulada em reunião na segunda-feira
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Um das arquibancadas do Ginásio Tesourinha lota para a assembleia dos rodoviários em Porto Alegre
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Rodoviários rejeitaram nesta terça-feira a proposta feita ontem para tentar fazer voltar às ruas parte da frota de ônibus de Porto Alegre
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Após rejeição de proposta, greve geral continua em Porto Alegre
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Votação em assembleia começou com quase duas horas de atraso
Foto: Guilherme Justino / Terra
6 de fevereiro - Terminou sem acordo a quarta audiência de mediação entre os rodoviários em greve e os representantes das empresas de ônibus de Porto Alegre. Após a reunião fracassada, o Ministério Público ajuizou ação de dissídio coletivo, que será julgado pela Justiça do Trabalho
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
10 de janeiro - Durante assembleia, ginásio onde se reuniram os rodoviários sofreu uma queda de energia elétrica
Foto: Marcelo Backer / Terra
10 de janeiro - Mesmo mantendo o estado de greve, a categoria se comprometeu a colocar 100% dos ônibus nas ruas já amanhã, enquanto seguem as negociações entre os trabalhadores e a patronal
Foto: Marcelo Backer / Terra
10 de janeiro - Em assembleia na noite desta segunda-feira, no ginásio Tesourinha, a maioria dos rodoviários rejeitaram o acordo acertado com as empresas de ônibus do transporte coletivo de Porto Alegre
Foto: Marcelo Backer / Terra
11 de fevereiro - Ônibus deixando a garagem da Carris na manhã desta terça-feira
Foto: Divulgação
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