Transplante de bebê brasileira com doença rara dura 9 horas
Menina se recupera na UTI do hospital Jackson Memorial Medical Center, em Miami
A cirurgia que deu à Sofia Gonçalves de Lacerda, de um ano e três meses, a chance de uma vida nova terminou por volta das 21h desta sexta-feira, pelo horário de Brasília. Foram cerca de 9 horas na sala de cirurgia do Jackson Memorial Medical Center, em Miami, nos Estados Unidos. Agora ela se recupera em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O médico brasileiro que coordenou a operação, Rodrigo Vianna, recebeu ajuda de outros três cirurgiões durante o procedimento.
“Estou cansado, mas feliz por poder ter dado uma nova chance à Sofia e seus pais. Honrado por poder fazer o que faço e sobretudo agradecido a Deus”, contou o médico ao Terra. Já os pais da menina, Patrícia Lacerda e Gilson Gonçalves fizeram questão de divulgar a informação na página criada para compartilhar a luta da família.
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“É com muita gratidão à Deus e a todos que acompanharam e participaram desta luta, que venho dizer que a cirurgia da nossa bonequinha foi um sucesso, ela já se encontra no quarto da UTI se recuperando, depois de aproximadamente 9 horas de cirurgia”, disseram os pais na postagem aos seguidores.
O cirurgião disse ao Terra que se surpreendeu com o estado em que estavam os órgãos da menina. “Estava muito mais doente internamente do que eu imaginava”, afirmou Vianna. Os pais de Sofia consideram um milagre o fato dela estar viva.
“Dr Rodrigo nos informou que se surpreendeu com o estado em que os órgãos da Sofia se encontravam, pois não sabia como ela estava viva, com os órgãos naquela situação, ou sabemos? Um milagre de Deus! Agora iniciamos uma nova etapa da nossa vidas, sabemos que o pós operatório é muito delicado, por isso vamos continuar firmes nas nossas orações”, pediram.
Gilson e Patrícia ainda agradeceram a equipe médica especialmente Vianna e o médio Thiago Beduschi, também brasileiro. O casal aparece entre os dois cirurgiões na postagem feita no Facebook. “Sempre tivemos total confiança de entregar nas mãos deles a vida Sofia”, completaram. Os pais foram informados pelo hospital que os órgãos transplantados são de um menino de 11 meses do estado da Flórida.
A família ainda não tem previsão de quando deve retornar ao Brasil, já que agora todos os esforços são para que Sofia se recupere e não haja rejeição dos órgãos transplantados. Ela nasceu com a síndrome de Berdon, considerada muito rara e que impede o funcionamento de todo o sistema digestivo. Por isso ela precisava transplantar seis órgãos (estômago, fígado, pâncreas, intestino delgado, intestino grosso e um dos rins).
O Terra conseguiu contato com a mãe da menina. Patrícia ficou a noite toda ao lado de Sofia, na UTI. “Estamos muito felizes. Sonhávamos com esse dia. O sentimento é de dever cumprido. Agora começa uma nova etapa. Agora é esperar que o pós operatório também seja um sucesso pois é a parte mais delicada”, disse a mãe. “Ainda existe um longo tempo de acompanhamento. Continuaremos aqui até quando ela estiver totalmente bem”.
Patrícia ainda agradeceu pelas milhares de mensagens de apoio que tem recebido de pessoas de diversas partes do País e até do exterior, além das orações para que Sofia se recupere logo.
“Sem eles não estaríamos aqui, sem essa família gigante não teríamos conseguido. Hoje eu queria poder abraçar cada um deles, agradecer por tudo, sempre estarem do nosso lado e vibrando por ela”, agradeceu. Ela e o marido estão na UTI acompanhando Sofia que deve permanecer sedada por pelo menos três dias por conta da alta complexidade do procedimento.
Do Brasil
As manifestações de apoio à Sofia partem de todo o País. O caso tem gerado muita comoção. A página criada pela família tem quase um milhão e meio de seguidores. Entre eles está o advogado Miguel Navarro que, de Votorantim, interior de São Paulo, acompanhou todo o tratamento da menina.
Ele encarou uma batalha judicial contra o governo brasileiro para que a criança conseguisse o transplante nos Estados Unidos, já que o procedimento não é feito no Brasil. Miguel mantinha contato frequentemente com o casal e foi o primeiro a ser avisado sobre o transplante, na noite de quinta-feira, pelo cirurgião brasileiro.
“Estou feliz, com a sensação de dever cumprido. A justiça foi feita. Para um profissional da minha área isso é muito mais gratificante do que qualquer processo que envolve dinheiro”, comemorou.
O Ministério da Saúde foi obrigado a pagar R$ 2,25 milhões pelo tratamento. Sofia e os pais estão nos Estados Unidos desde julho do ano passado.
“A gente sabe que chegou a pior parte, depois do transplante a luta é grande contra a rejeição. É o mais complicado, mas acredito que ela está em boas mãos. Aquele é o melhor hospital e as orações que chegam de toda parte do Brasil vão dar força extra pra nossa Sofia vencer mais este desafio”, torce.