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Tribos e seringueiros da Amazônia unem forças contra Bolsonaro

16 jan 2020 - 08h56
(atualizado às 10h35)
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Tribos indígenas e seringueiros da Amazônia uniram forças, na quarta-feira, para se opor a medidas do governo do presidente Jair Bolsonaro que afirmam estar destruindo a floresta da qual dependem para viver.

Indígenas se reúnem no Xingu para se opor a medidas do governo de autorizar mineração na Amazônia
15/01/2020
REUTERS/Ricardo Moraes
Indígenas se reúnem no Xingu para se opor a medidas do governo de autorizar mineração na Amazônia 15/01/2020 REUTERS/Ricardo Moraes
Foto: Reuters

Cerca de 450 membros de 47 tribos se reuniram pelo segundo dia para debater como resistir às medidas de Bolsonaro para enfraquecer agências governamentais encarregadas de proteger o meio ambiente e o direito à posse de terras ancestrais.

Bolsonaro alega que as tribos têm terras demais e quer abrir as reservas indígenas à mineração e à agricultura para desenvolver a Amazônia e tirar os povos indígenas da pobreza.

O chefe kayapó Raoni Metuktire, que convocou a reunião em seu vilarejo junto ao Rio Xingu, pediu ao Congresso que barre as iniciativas do presidente.

"Estamos aqui para defender nossa terra e dizer (a Bolsonaro) que pare de falar mal de nós", disse Raoni, que se tornou uma referência global por sua campanha ambiental nos anos 1980 em companhia do músico Sting. O líder indígena disse que jamais aceitaria a mineração em suas terras ancestrais.

Entre os presentes na reunião estava Angela Mendes, filha do seringueiro, líder sindical e ambientalista Chico Mendes, que foi assassinado em 1988 devido aos seus esforços para proteger a floresta tropical.

"Unidos, podemos resistir. Eles têm o poder do Estado, mas nós temos a força das águas, das flores e da terra ancestral", disse ela em uma coletiva de imprensa.

A existência de comunidades extrativistas não indígenas que vivem da extração de látex e da venda de frutas da floresta está sendo ameaçada pelo desmatamento, alertou.

Mendes fez uma aliança com Sonia Guajajara, chefe da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a maior organização de tribos do país.

"Este é um momento muito grave de nossa história. Parece um cenário de guerra", disse Guajajara, acusando Bolsonaro de atender aos interesses do poderoso agronegócio brasileiro, que está avançando sobre a região amazônica.

O aumento da violência contra os 850 mil povos indígenas do Brasil, resultante das disputas de terras com agricultores, do corte de árvores e da mineração em reservas indígenas, ameaça o futuro das tribos, argumentou.

Bolsonaro prometeu integrar os povos indígenas à economia e à sociedade, uma assimilação que Guajajara disse equivaler à extinção de suas culturas e linguagens.

A Fundação Nacional do Índio (Funai), controlada por uma autoridade policial escolhida por Bolsonaro, informou que a reunião no Xingu era um "evento totalmente particular" que não apoiaria por não estar "alinhada" com a política do governo.

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