Vídeo de Lula é exibido em reunião do Grupo de Puebla
Encontro entre líderes de esquerda acontece em Buenos Aires
A Cúpula do Grupo de Puebla, que reúne líderes de partidos de esquerda da América Latina, começou na manhã deste sábado (9), em Buenos Aires, e contou com a exibição de um vídeo gravado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, libertado da prisão após 580 dias. Em sua mensagem, o líder petista afirmou que "tem o objetivo de construir uma grande América Latina" e está ansioso para lutar e trabalhar com progressistas.
Lula, que foi libertado após o Supremo Tribunal Federal (STF) barrar a prisão em segunda instância, fez um apelo pela unidade e utilizou uma metáfora sobre futebol: "Não discutiremos se Pelé é melhor que Maradona porque Pelé é Pelé e Maradona é Maradona".
"Tenho na vida um objetivo de construir uma integração latino-americana muito forte para conseguir uma vida melhor para o povo", enfatizou.
O líder petista aproveitou a gravação para parabenizar os recém-eleitos na Argentina, Alberto Fernández e Cristina Kirchner como presidente e vice, e ressaltou que sensação foi a mesma se ele tivesse saído vitorioso de uma eleição. "Finalmente estou livre. Sei que Fernández pode ajudar ao povo pobre da Argentina e me solidarizo com Evo Morales, que está sofrendo uma canalhice na Bolívia", disse.
Além disso, Lula ressaltou que está "com muita energia para combater o lado podre do poder judicial, o lado podre da elite conservadora e o lado podre da imprensa do Brasil".
Com Fernández como anfitrião, o segundo encontro do bloco reúne líderes como Dilma Rousseff (Brasil), José "Pepe" Mujica (Uruguai), Fernando Lugo (Paraguai), Ernesto Samper (Colômbia), Álvaro García Linera (vice-presidente da Bolívia), José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha) e Daniel Martínez (candidato que disputará as eleições no Uruguai).
Em sua intervenção, o líder argentino pediu a recuperação da igualdade na região e comemorou a liberdade de Lula, que sofreu "uma grande injustiça", segundo ele.
"Vamos defender a América Latina", prometeu o argentino, que se opôs às situações que ocorrem no Chile e na Bolívia.
Fernández fez exigências sociais extremas ao governo chileno e ressaltou as alegações de "golpe de estado" agitadas pelo presidente Evo Morales, na Bolívia, onde seu triunfo eleitoral é contestado.
"Somos democratas respeitosos com os pensamentos dos outros", insistiu Fernandez, convocando todos os presentes a reconstruírem na América do Sul "uma sociedade igualitária, que hoje não temos". "O objetivo do encontro em Buenos Aires é continuar construindo, juntos, uma agenda progressiva que nos identifique e se reúna", disse Samper.
"No Grupo Puebla, não estamos falando em gerar uma referência ideológica que confronta alguém, é simplesmente um grupo de líderes de toda a América Latina, respeitoso das instituições e da democracia", afirmou.
O Grupo de Puebla conta com 30 representantes de 12 países, e acontece a cada quatro meses.