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Vírus são mais perigosos de manhã do que à noite, diz estudo

23 ago 2016 - 13h23
(atualizado às 14h46)
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Vírus são mais perigosos quando infectam suas vítimas pela manhã, de acordo com um estudo recente feito pela Universidade de Cambridge.

Chances de infecção aumentam se ela ocorrer pela manhã, beneficiada por alterações no relógio biológico
Chances de infecção aumentam se ela ocorrer pela manhã, beneficiada por alterações no relógio biológico
Foto: Thinkstock

A pesquisa, publicada pela revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, mostrou que os vírus têm dez vezes mais sucesso em adoecer a sua "vítima" se a infecção tiver início pela manhã, aparentemente porque nosso relógio biológico está mais suscetível.

E a mesma pesquisa percebeu, em seus estudos com animais, que um relógio biológico desajustado - algo provocado por jornadas de trabalho em turnos diferentes ou jet lag - sempre está mais vulnerável a infecções.

Para os pesquisadores, as descobertas podem ajudar a reforçar o combate a pandemias.

Vírus - ao contrário de bactérias e parasitas - são completamente dependentes de sua capacidade de "sequestrar" o maquinário dentro das células para se replicar. Mas essas células mudam muito como parte desse padrão de 24 horas conhecido como relógio biológico, que influencia, por exemplo, o funcionamento do nosso sistema imunológico e a liberação de hormônios.

No estudo, camundongos foram infectados com o influenza, que causa a gripe, ou com o vírus da herpes. E os animais infectados durante a manhã apresentaram níveis virais dez vezes maior do que aqueles infectados durante a noite.

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Os vírus que chegavam mais tarde falharam em um processo que, metaforicamente, pode ser explicado como se eles estivessem tentando fazer operários reféns dentro de uma fábrica, mas depois que o turno dos operários tivesse terminado.

"Há uma grande diferença", disse o professor Akhilesh Reddy, um dos pesquisadores, à BBC. "O vírus precisa de todo o aparato disponível na hora certa (para ser eficaz), mas uma pequena infecção pela manhã pode se desenvolver mais rapidamente e se espalhar pelo corpo."

Reddy acredita que as descobertas podem ajudar a controlar surtos de doenças.

"Em uma pandemia, ficar em casa durante o dia pode ser importante (para) salvar vidas. Se os testes comprovarem a hipótese, isso pode ter um grande impacto."

Relógio biológico

Outros testes mostraram que alterar o relógio biológico de um animal os deixa "presos" em um estado que facilita o sucesso de vírus.

"Isso sugere que quem trabalha em turnos diferentes - quem trabalha às vezes de madrugada e às vezes durante o dia e, por isso, tem um relógio biológico desajustado - está mais sujeito a doenças virais", explica Rachel Edgar, autora principal do estudo.

"Se isso for confirmado, esses trabalhadores podem se tornar candidatos a receber a vacina anual da gripe", completa.

Os pesquisadores usaram apenas dois tipos de vírus no estudo.

Mas os dois eram muito diferentes (um era vírus de DNA e o outro de RNA), o que leva os pesquisadores a acreditar que o princípio se aplica a um grande número de vírus.

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Cerca de 10% dos genes - as instruções para gerenciar o corpo humano - mudam durante o dia, e isso é controlado pelo relógio biológico interno.

A pesquisa focou em um gene chamado Bmal1, que tem o pico de atividade durante a tarde tanto em camundongos quanto em pessoas.

"É a ligação com o Bmal1 que é importante, já que quando seu nível está baixo (durante a manhã) você fica muito sujeito a infecções", diz Reddy.

Curiosamente, o Bmal1 fica menos ativo em pessoas durante os meses de inverno - sugerindo que ele pode ter um papel no fato de as pessoas estarem mais sujeitas a infecções nessa época do ano.

Já há outras evidências da ligação entre o relógio biológico e infecções: vacinas contra gripe são mais eficientes se tomadas pela manhã, e o jet lag afeta o desempenho do parasita da malária.

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