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Witzel diz que nada justifica afastamento, rejeita delação de ex-secretário e ataca Bolsonaro

28 ago 2020 - 13h22
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O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse nesta sexta-feira que não atrapalhou nenhuma investigação no Estado, que nada justifica seu afastamento do cargo, chamou de mentirosa a delação do ex-secretário estadual de Saúde e atacou o presidente Jair Bolsonaro.

Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, faz promunciamento após ser afastado do cargo
28/08/2020
REUTERS/Pilar Olivares
Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, faz promunciamento após ser afastado do cargo 28/08/2020 REUTERS/Pilar Olivares
Foto: Reuters

Em pronunciamento a jornalistas, o governador classificou o afastamento dele por seis meses como algo injustificável e ultrajante e acrescentou que o processo penal no país virou um circo.

"Quero manifestar a minha indignação. E uma busca e apreensão, mais uma vez, é uma busca e decepção. Não encontrou um real, uma joia, simplesmente mais um circo sendo realizado... você não pode afastar um governador com a suposição de que ele vai fazer algo", disse Witzel no Palácio Laranjeiras, pouco depois de agentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal do Rio cumprirem determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Decisão do ministro Benedito Gonçalves, do STJ, afastou Witzel do cargo de governador nesta sexta por pelo menos 180 dias.

No pronunciamento, Witzel disse que está incomodando poderosos que não querem que ele continue no comando do Estado.

"Há um possível uso político da instituição (PGR) estamos combatendo o crime... meu compromisso é reduzir a criminalidade e querem me tirar do governo as organizações criminosas que estão perdendo dinheiro", disse o governador em tom irritado.

O governador, a primeira dama, Helena Witzel, e ex-secretários estaduais já tinham sido alvo em maio de um outra operação autorizada pelo STJ, a pedido da Procuradoria-Geral da República. Na época, foram expedidos 12 mandados de busca e apreensão em razão da suspeita de fraudes nas contratações e compras para o combate à pandemia de Covid-19.

Desde o início da pandemia já foram realizadas quase 10 operações que apuram irregularidades na gestão do Estado e mais de 30 pessoas foram presas. Um dos presos foi o ex-secretário de Saúde Edmar Santos, que firmou acordo de colaboração premiada com a PGR. Santos foi solto pelo STJ à pedido da PGR.

O ex-secretário de saúde foi chamado de mentiroso por Witzel. "Com base em uma delação mentirosa de um homem desesperado, de um bandido que nos enganou a todos", criticou.

O governador acusou ainda que a procuradora responsável pelo caso, Lindora Araújo, que apura supostas irregularidades em contratos do governo estadual, de ter ligações com a família Bolsonaro e que o presidente da República quer atingi-lo por acreditar que pode ser candidato à Presidência em 2022.

"O Superior Tribunal de Justiça possui vários subprocuradores. Por que não se faz, como em qualquer outro Ministério Público, a distribuição e não o direcionamento para um determinado procurador: no caso a doutora Lindora. E a imprensa já noticiou o seu relacionamento próximo com a família Bolsonaro... é próxima ao Flávio Bolsonaro", acrescentou.

"Quero desafiar ao Ministério Público Federal na pessoa da doutora. Lindora, que a questão agora é pessoal, né? É pessoal. Ela me adjetivou como chefe da organização criminosa. Eu quero que ela apresente um único e-mail, um único telefonema, uma prova testemunhal, um pedaço de papel em que eu tenha pedido qualquer tipo de vantagem ilícita para mim", disse.

A defesa do governador iria ingressar com recursos no STF e no STJ para reconduzir Witzel ao cargo.

O vice-governador do Estado, primeiro na linha sucessória, Cláudio Castro (PSC), foi alvo de mandado de busca, assim como o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Andre Ceciliano (PT).

O presidente do PSC, Pastor Everaldo foi preso, e o ex-secretário de Desenvolvimento Lucas Tristão também é alvo de mandado de prisão.

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