Brasileiras presas na Alemanha relatam rotina de 'tristeza profunda' e 'algemas nos pés'
Jeanne Paollini e Kátyna Baía tiveram as malas trocadas e estão há mais de um mês num presídio de Frankfurt acusadas de tráfico de drogas
As brasileiras presas na Alemanha após terem as etiquetas das malas trocadas por bagagens com droga relatam as dificuldades que enfrentam na prisão. A veterinária Jeanne Paollini e a personal trainer Kátyna Baía, que estão juntas há mais de 17 anos, enviaram áudios e cartas, detalhando como é o dia a dia na cadeia e o momento em que foram presas acusadas de tráfico de drogas.
"Ficamos umas quatro horas algemadas pelos pés e pelas mãos, como criminosas. Fomos obrigadas a entregar todos nossos pertences e os nossos agasalhos. Passamos por revista íntima, fomos humilhadas", escreveu Kátyna na carta, em que a TV Globo teve acesso.
Jeanne Paollini detalhou como foi a audiência com o juiz e a preocupação por não ter notícias da companheira, Kátyna. "Pela manhã nós fomos para uma audiência com um juiz e sempre algemadas, acorrentadas pelos pés. Eu não tinha contato com a Kátyna e, instantaneamente, o juiz já decretou nossa prisão", contou.
A Kátyna Baía também desabafou e definiu o que estão vivendo como devastador. "Acordar aqui todos os dias é uma tristeza profunda, é devastador", lamentou. Ela também define o período como uma "batalha diária" já que também está sem acesso aos seus medicamentos. "Eu faço uso de medicamentos contínuo por toda a vida e isso me foi tirado...É uma batalha diária para manter essa saúde", finalizou.
Entenda o caso
Jeanne Paollini e Kátyna Baía foram presas no aeroporto de Frankfurt, no dia 5 de março, após terem etiquetas de malas trocadas por bagagens com droga. O casal viajava de Goiânia para passar 20 dias de férias na Europa.
Segundo a investigação, em uma escala no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, as etiquetas de identificação das bagagens foram trocadas, e colocadas em duas malas com 20 quilos de cocaína cada. A Polícia Federal acredita que as mulheres são inocentes, e afirma que elas foram vítimas de um esquema operado por uma quadrilha em parceria com funcionários terceirizados no aeroporto de Guarulhos.
A quadrilha suspeita foi presa pela PF na Operação Iraúna. Seis funcionários foram detidos no último dia 4 e uma mulher que presta serviço no aeroporto foi detida no último sábado, 8.
Na semana passada, a Secretaria Nacional de Justiça compartilhou com a Justiça Alemã o inquérito da Polícia Federal com a documentação e os vídeos que comprovam que as etiquetas das malas de Kátyna e Jeanne foram trocadas no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP). Os documentos foram encaminhados com a tradução juramentada, via Ministério da Justiça e Itamaraty.