Brasileiros que saíram do Reino Unido fizeram 'retorno voluntário', diz Itamaraty
O governo negou que mais de 600 cidadãos brasileiros tenham sido deportados do Reino Unido nos últimos meses. O comunicado é uma resposta à matéria publicada neste domingo (1º) pelo jornal britânico The Guardian. A reportagem afirma que 629 brasileiros (incluindo 109 crianças) foram deportados em três voos secretos realizados entre agosto e setembro deste ano.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse, em nota, que a ação não é uma deportação, mas sim o resultado do programa de VRS, ou Programa de Retorno Voluntário. "O VRS oferece passagens aéreas para os migrantes que desejam retornar a seus países de origem, além de auxílio financeiro para se restabelecer em suas cidades natais", escreveu o Itamaraty em nota.
Qual é a diferença entre deportação e retorno voluntário?
Uma questão fundamental nessa discussão é a diferença entre deportação e retorno voluntário. Deportação envolve a remoção obrigatória de uma pessoa de um país, normalmente quando ela viola as leis de imigração ou permanece após o vencimento de seu visto. Em contraste, o retorno voluntário é uma escolha feita pelo indivíduo, muitas vezes incentivada por apoio financeiro e logístico por parte do governo anfitrião.
O governo britânico, através do Departamento do Interior, oferece o programa VRS, que não apenas facilita a logística do retorno, mas também proporciona uma assistência financeira temporal para ajudar esses indivíduos a se restabelecerem em seus países de origem.
"O consentimento brasileiro ao programa baseia-se no requisito de que a participação dos nacionais é voluntária e poderá ser revisto, a qualquer tempo, caso esses termos sejam alterados", diz o comunicado do Itamaraty.
Por que tantos brasileiros participaram do programa de retorno?
Relatórios sugerem que fatores econômicos e sociais impulsionaram muitos brasileiros a optar pelo retorno. O incentivo financeiro oferecido pelo governo britânico pode ter sido um atrativo significativo. Adicionalmente, as mudanças nas políticas migratórias do Reino Unido e a crescente pressão sobre imigrantes ilegais podem ter motivado essa participação mais ampla.
Além disso, os dados divulgados indicam que entre os participantes havia um número substancial de crianças, destacando uma questão sensível: muitas dessas crianças passaram boa parte de suas vidas no Reino Unido, frequentando escolas locais e adaptando-se à cultura britânica. Esta situação levanta preocupações humanitárias e educacionais sobre o impacto de uma mudança tão abrupta e significativa em suas vidas.
Quais as implicações futuras para migrantes no Reino Unido?
Com a promessa do primeiro-ministro britânico de reduzir a imigração, esse tipo de operação pode se tornar mais frequento. Isto significa que o ambiente tanto para migrantes ilegais quanto legais pode mudar consideravelmente nos próximos anos. Se as políticas se tornarem mais rigorosas, mais indivíduos podem considerar a adesão a programas como o de retorno voluntário.
Como o governo britânico continua a implementar medidas para o controle da imigração, avaliando a eficiência e a economia de tais operações, a situação dos migrantes permanece em constante avaliação, com potenciais modificações nas abordagens e incentivos oferecidos no futuro.
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