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Caminhos para Romper os Ciclos de Abuso Psicológico Feminino

Psicóloga ressalta a urgência de políticas públicas para apoiar as vítimas de abuso emocional

20 dez 2024 - 18h37
(atualizado às 18h50)
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A violência psicológica é uma crise que afeta milhões de mulheres no Brasil e reflete, diretamente, a autoestima e autonomia das vítimas. Embora reconhecida como crime pela Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), esse tipo de abuso ainda é subnotificado e negligenciado, segundo a psicóloga Kennya Rodrigues Nézio, especialista no tema e em Gestão Pública de Organizações de Saúde pela UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora).

Foto: Acervo pessoal autorizado / DINO

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024 apontaram que em 2023 foram registrados mais de 778 mil casos de ameaças e 77 mil casos de perseguição (stalking), o que representa os aumentos de 16,5% e 34,5%, respectivamente, em relação ao ano anterior. No entanto, Kennya alerta que esses números são apenas a ponta do iceberg e que, por isso, as mulheres têm de receber todo apoio possível de maneira urgente. A violência psicológica não deixa marcas visíveis, mas destrói a saúde emocional das vítimas, comprometendo sua capacidade de recomeçar, explica.

A psicóloga descreve que quem pratica este tipo de violência, geralmente o companheiro da mulher, usa uma estratégia contínua de desvalorização, projetada para paralisar a vítima. O abuso mina a autoconfiança e pode causar ansiedade, depressão e dificuldades de concentração, afetando a vida pessoal e profissional das mulheres, destaca. Esses impactos se refletem diretamente no ambiente de trabalho, onde muitas vítimas enfrentam dificuldades para se manter produtivas, o que agrava a dependência financeira em relação ao agressor e perpetua o ciclo de violência. 

Kennya enfatiza que o recomeço para essas vítimas é muito difícil e, por isso, é tão necessário o apoio, em todas as esferas. Sem políticas públicas adequadas, essas mulheres enfrentam enormes desafios, especialmente no campo da empregabilidade, que é crucial para romper com o ciclo abusivo, afirma. A especialista aponta que a ausência de estabilidade financeira e apoio psicológico adequado faz com que muitas permaneçam em relacionamentos abusivos por falta de alternativas.

Para combater a violência e oferecer às vítimas a oportunidade de reconstruir suas vidas, Kennya defende a implementação de medidas concretas. É fundamental, segundo ela, implementar programas de empregabilidade que ofereçam capacitação, recolocação profissional e suporte psicológico, além de ampliar o acesso a centros de atendimento psicológico gratuitos para garantir acompanhamento contínuo. Também é necessário promover campanhas de conscientização nas empresas, orientando empregadores a identificar e apoiar funcionárias que enfrentam essa realidade, o que contribuirá para romper o ciclo de abuso.

Como especialista no tema, posso afirmar que a violência psicológica não é apenas um problema individual; é uma questão de saúde pública e justiça social. Seu impacto é profundo e devastador, mas pode ser superado com políticas públicas eficazes, apoio comunitário e conscientização ampla. O Brasil precisa urgentemente priorizar medidas que não apenas protejam, mas também empoderem as vítimas, oferecendo a elas a possibilidade de recomeçar, finaliza.

Website: http://joribe.com.br

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