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Candidaturas afro-religiosas são reação à violência, diz estudo

Um dos fatores apontados para o baixo número de candidatos de religiões de matriz africana é a resistência histórica dessas comunidades em relação ao engajamento político

12 out 2024 - 07h32
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O cenário eleitoral brasileiro de 2024 traz à tona uma análise interessante sobre as candidaturas com viés religioso. Dos 463.386 registros de candidaturas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sinaliza que 8.731 possuem essa característica, um reflexo da diversidade religiosa do país. Um aspecto que chama atenção é que, destas, apenas 3,3% são associadas a crenças de matriz africana, segundo estudo realizado pelo grupo de pesquisa Ginga da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Pesquisa identificou também predominância de candidaturas evangélicas
Pesquisa identificou também predominância de candidaturas evangélicas
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil / Perfil Brasil

A coordenadora do grupo, Ana Paula Mendes Miranda, explica à Agência Brasil que essa análise foi possível através de um levantamento detalhado que cruzou dados do TSE, perfis em redes sociais dos candidatos e informações de sites de notícias. Essa iniciativa não foi apenas para registrar números, mas sim entender o porquê do baixo número de candidaturas afro-religiosas e a violência enfrentada por essas comunidades.

Por que o número de candidaturas afro-religiosas é tão baixo?

Um dos fatores apontados para o baixo número de candidatos de religiões de matriz africana é a resistência histórica dessas comunidades em relação ao engajamento político. Muitos líderes religiosos acreditam que suas práticas devem permanecer isoladas das esferas públicas. No entanto, a crescente violência contra terreiros pode estar impulsionando uma mudança de postura. Candidatos veem a política como um meio de lutar por direitos e proteger suas comunidades.

Quais são as principais questões enfrentadas pelos candidatos de matriz africana?

A violência direcionada a terreiros de umbanda e candomblé tem sido um dos principais motivadores para o aumento de candidaturas de matriz africana. De acordo com dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, houve um aumento significativo nos casos de intolerância religiosa em 2023, com 80% das violações sendo direcionadas a essas religiões. Isso está gerando uma resposta mais ativa por parte dessas comunidades, que buscam representação para garantir a segurança e respeito às suas práticas religiosas.

A representatividade e a identidade nas candidaturas religiosas

Nas eleições de 2024, observou-se uma forte presença de candidaturas afro-religiosas em estados como Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul. Porém, houve também um aumento notável no Rio de Janeiro. As vestimentas e nomes tradicionais como "pai" e "mãe" de santo carregam grande importância, servindo não só como um marcador cultural, mas também como um manifesto político.

  • 395 candidatos religiosos no estado do Rio de Janeiro
  • 41 se associam a crenças de matriz africana
  • Os evangélicos totalizam 88,4% das candidaturas religiosas

Os partidos e o Brasil religioso

Na análise de filiações partidárias, candidatos de religiões de matriz africana mostram uma tendência maior a se relacionarem com partidos progressistas, como o PSOL. Há um predomínio de pautas ligadas aos direitos humanos e à proteção das minorias. Isso contrasta com o cenário evangélico, que tem relação forte com partidos diversos e conservadores.

A ascensão das candidaturas evangélicas está ligada a projetos políticos consolidados, como o da Igreja Universal do Reino de Deus, que busca influenciar tanto o campo religioso quanto o eleitoral. Essa dinâmica sugere que o Brasil poderá se tornar majoritariamente evangélico até 2030, caso continue a atual tendência de crescimento deste grupo religioso.

Perfil Brasil
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