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Capitão Adriano tinha a "certeza" de "queima de arquivo"

Morto na manhã deste domingo, o miliciano é citado nas investigações da morte de Marielle Franco e do esquema de 'rachadinha' no gabinete de Flávio Bolsonaro

9 fev 2020 - 11h32
(atualizado às 11h53)
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Ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como líder do grupo miliciano Escritório do Crime, foi morto neste domingo, 9
Ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como líder do grupo miliciano Escritório do Crime, foi morto neste domingo, 9
Foto: Polícia Civil

Morto na manhã deste domingo, 9, pela polícia da Bahia, o miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como 'capitão Adriano', estava convencido de que queriam matá-lo, não prendê-lo. Nos últimos dias, tanto ele quanto sua esposa relataram que tinham certeza de que havia um plano de "queima de arquivo" em curso contra o ex-policial militar.

O ex-capitão do Bope nunca havia falado diretamente com seu advogado, Paulo Emilio Catta Preta, até a quarta-feira passada. Foi quando, preocupado com os últimos movimentos da polícia, ligou para ele e relatou que tinha "certeza" de que queriam matá-lo para "queimar arquivo". A viúva do miliciano também fez o mesmo relato.

Ao Estado, Catta Preta nega que Nóbrega tenha uma pistola austríaca calibre 9mm. Segundo a Polícia da Bahia, o miliciano usou a arma para atirar nos policiais quando foi abordado na manhã deste domingo. O advogado disse que tomará todas as "medidas cabíveis" para que a morte de seu cliente seja investigada de forma independente.

Apontado como chefe do Escritório do Crime, grupo que atua na zona oeste do Rio, Adriano é citado nas duas investigações de maior repercussão do Ministério Público fluminense: a da morte da vereadora Marielle Franco e a que apura o suposto esquema de "rachadinha" no gabinete do senador Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual.

Foragido desde a Operação Os Intocáveis, que em janeiro do ano passado prendeu a cúpula do Escritório do Crime, Adriano estava na Bahia e chegou a escapar da polícia no dia 31 de janeiro deste ano, quando os agentes foram à casa em que ele estava escondido até então.

Quando foi morto, Adriano estava na zona rural de Esplanada, município baiano. Equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Bahia, da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Litoral Norte e da Superintendência de Inteligência (SI) da Secretaria da Segurança Pública encontraram o foragido.

Ligações com esquema de "rachadinha"

Na última etapa da investigação que mira Flávio Bolsonaro, o MP do Rio apresentou à Justiça conversas de WhatsApp entre Adriano e sua ex-esposa, Danielle da Nóbrega, que era funcionária do gabinete do então deputado estadual. Nesses diálogos, o miliciano afirmava que também se beneficiava do suposto esquema de "rachadinha", quando ela reclama de sua exoneração.

Danielle e a mãe de Adriano, Raimunda Veras Magalhães, foram exoneradas por Flávio quando o filho do presidente Jair Bolsonaro e Queiroz ficaram sabendo da investigação.

Além de empregar as parentes do miliciano, Flávio já o homenageou com a Medalha Tiradentes, honraria mais alta do Legislativo do Rio, em 2005, quando o então policial estava preso acusado de homicídio. Adriano foi expulso da Polícia Militar por causa de envolvimento com a contravenção.

O Escritório do Crime, grupo que Adriano liderava, foi alvo da Operação Os Intocáveis, em janeiro de 2019, e de um desdobramento dela neste mês. Ele estava foragido desde essa primeira operação, há mais de 1 ano.

Adriano e Queiroz ficaram amigos no Batalhão de Jacarepaguá da PM. Foram acusados juntos, inclusive, de um homicídio, que registraram como "auto de resistência". O caso está aberto até hoje.

Estadão
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