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Caso de menino de 7 anos que trabalha como entregador gera revolta na China

Apelidado de 'Pequeno Li' nas redes sociais, garoto perdeu o pai e foi deixado pela mãe, que se casou novamente; caso foi classificado como retrato da 'tragédia social' do país.

17 jan 2018 - 10h42
(atualizado às 12h01)
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Apelidado de 'Pequeno Li', garoto ficou órfão após seu pai morrer e sua mãe se casar novamente | Foto: Reprodução/Pear Video
Apelidado de 'Pequeno Li', garoto ficou órfão após seu pai morrer e sua mãe se casar novamente | Foto: Reprodução/Pear Video
Foto: BBC News Brasil

A história de um órfão de 7 anos que trabalha fazendo entregas na China gerou um debate sobre a pobreza na infância e o acesso à educação no país.

Um vídeo publicado no site Pear Video, um site popular em território chinês, mostra o menino, apelidado de "Pequeno Li" nas redes sociais, entregando pacotes na cidade de Qingdao, no leste da China. As imagens foram vistas mais de 18 milhões de vezes.

O Pear Video afirma que o Pequeno Li perdeu o pai e perdeu contato com sua mãe após ela se casar novamente. O garoto vive com um amigo de seu pai desde os três anos.

Esse homem trabalha com entregas, e o menino passou a acompanhá-lo nesses momentos depois de eles se mudarem da região rural da Província de Shandong. Hoje, o garoto faz entregas sozinho.

Nas redes sociais, muitos disseram estar tristes com a situação do garoto e manifestaram preocupação com seu bem-estar e o desejo de que ele tenha uma "vida melhor".

"Problemas de família sempre afetam mais as crianças", disse um usuário sobre o caso.

'Tragédia'

Vídeo gerou debate sobre crianças pobres e problemas na educação da China | Foto: Reprodução/Pear Video
Vídeo gerou debate sobre crianças pobres e problemas na educação da China | Foto: Reprodução/Pear Video
Foto: BBC News Brasil

O vídeo também foi o ponto de partida para um debate sobre crianças pobres na China.

Alguns usuários classificaram a condição do Pequeno Li como uma "tragédia" e apontaram falhas no sistema de seguridade social chinês.

Outros comentaram sobre o plano do governo de erradicar a pobreza até 2020, dizendo que a meta está "em um futuro distante".

Segundo órgão dedicado à causa, ligado ao Ministério de Assuntos Civis do país, há 43,35 milhões de pessoas pobres no país, que tem mais de 1,3 bilhão de habitantes.

Várias pessoas questionaram a aceitação do trabalho infantil na sociedade chinesa e lamentaram que algumas crianças não possam ter uma infância feliz e livre de preocupações.

Na rede social Weibo, a mais popular do país, usuários cobraram providências das autoridades quanto à situação do Pequeno Li. "Que menino incrível", comentou uma pessoa. "Espero que o serviço social faça uma campanha de financiamento coletivo para dar a ele uma vida melhor."

Outro usuário escreveu: "Deveriam ajudar o garoto e processar sua mãe". Em reação a essa mobilização, autoridades locais confirmaram que estão avaliando o caso, segundo o site estatal de notícias China Daily.

Do 'menino de gelo' ao 'Pequeno Li'

A história do Pequeno Li é apenas o mais recente de uma série de exemplos de "crianças abandonadas" que causaram revolta no país.

Ainda que a mídia estatal busque controlar as discussões em torno de certas questões sociais, os apelos em nome de crianças pobres e abandonadas é um assunto amplamente coberto por veículos oficiais.

Muitos nas redes sociais traçaram um paralelo entre o Pequeno Li e outro menino, Wang, de 8 anos, apelidado de "menino de gelo" após ser fotografado com o cabelo e as sobrancelhas congelados depois de caminhar 4,5 km para chegar à escola.

Foto do pequeno Wang, com o cabelo e as sobrancelhas cobertos de neve, viralizou na internet | Foto: People's Daily
Foto do pequeno Wang, com o cabelo e as sobrancelhas cobertos de neve, viralizou na internet | Foto: People's Daily
Foto: BBCBrasil.com

Um dos comentários dizia: "Do 'menino de gelo' ao menino das entregas, todas essas crianças são de famílias pobres".

Ao China Daily, o diretor de uma organização de caridade para crianças confirmou que o Pequeno Li agora estava sob os cuidados da ONG. As autoridades também estão matriculando o garoto em uma escola, segundo relatos à imprensa chinesa.

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