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"Caso superado", diz Onyx sobre acusações de Moro

Série de conversas com Moro evidencia que o presidente falava da Polícia Federal e não da sua segurança pessoal

24 mai 2020 - 14h01
(atualizado às 14h07)
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Um dia após o Estadão revelar mensagens inéditas que mostram que Jair Bolsonaro já havia decidido trocar o comando da Polícia Federal antes mesmo da reunião ministerial de 22 de abril, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, disse, neste domingo (24) que "isso é caso superado". O novo trecho da conversa consta no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura se Bolsonaro interferiu na PF para ter acesso a informações de investigações sigilosas contra seus filhos e amigos, como acusou o ex-ministro Sérgio Moro.

O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni.
O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil / Estadão Conteúdo

"Gente, isso é caso superado, caso superado", disse o ministro quando questionado sobre a revelação das novas mensagens. Ao ser contestado que o inquérito do STF segue aberto, Onyx respondeu: "Tudo (superado). Passou", encerrou.

A série de mensagens trocadas entre Bolsonaro e o então ministro da Justiça evidencia que o presidente falava da Polícia Federal e não da sua segurança pessoal, quando na reunião ministerial exigiu mudanças na segurança no Rio de Janeiro para proteger familiares e amigos. No diálogo, o presidente avisa que demitirá o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e deixa claro que Moro não terá alternativa. "Moro, Valeixo sai esta semana", escreveu o presidente às 6h26 do dia 22 de abril, portanto, antes do encontro no Palácio do Planalto. "Está decidido", continuou ele, em outra mensagem enviada na sequência. "Você pode dizer apenas a forma. A pedido ou ex oficio (sic)". A resposta de Moro foi enviada 11 minutos depois, às 6h37. "Presidente, sobre esse assunto precisamos conversar pessoalmente. Estou ah (sic) disposição para tanto", respondeu o então ministro.

Onyx criticou também a divulgação da íntegra da reunião, autorizada na última sexta-feira pelo ministro do STF, Celso de Mello. "Na verdade, nós fizemos uma reunião de trabalho, fechada, que não deveria ter sido divulgada. Eu gostaria de saber se isso é possível na Alemanha, na França, na Espanha, em Portugal, na Suécia, nos Estados Unidos ou no Canadá. Mas no Brasil foi."

Mais cedo neste domingo, o presidente Bolsonaro publicou em suas redes sociais o trecho da lei de abuso de autoridade a respeito de divulgação total ou parcial de gravações. Ele compartilhou o artigo 28 em que se lê: "Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou imagem do investigado ou acusado", diz o trecho. "Pena - detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos." Juristas ouvidos pelo Estadão contestam o presidente.

"A gente não tem medo da verdade. A gente carrega a verdade com a gente. E o tempo vai mostrando que o presidente é absolutamente coerente com tudo aquilo que ele faz e acredita", disse Onyx, que acompanhou o presidente em manifestação de apoio ao governo neste domingo. A participação do presidente nesses protestos de apoio ao seu governo tem sido frequente nos últimos finais de semana, contrariando as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS) de se evitar aglomerações durante a pandemia do novo coronavírus.

Estadão
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