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Celso Amorim: "Israel precisa parar a 'matança' para haver negociação"

"Não posso falar pelo presidente, mas eu não vejo nada, não vejo razão para o presidente se desculpar", disse o ex-chanceler

25 fev 2024 - 14h00
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O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais e ex-chanceler Celso Amorim disse que está um pouco pessimista quanto às chances de diálogo com o governo israelense, sem que Tel Aviv, nas palavras dele, pare com a matança na Faixa de Gaza. "Na situação atual não há como negociar", afirma.

O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, embaixador Celso Amorim
O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, embaixador Celso Amorim
Foto: Wilson Dias/arquivo Agência Brasil / Perfil Brasil

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Amorim disse ainda que acha "estranha" a aliança de Israel com a extrema direita brasileira e negou a possibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se desculpar com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por suas falas comparando a ofensiva militar de Israel em Gaza ao Holocausto.

"Vai ficar pedindo. Se é que ele está insistindo mesmo. Não sei se ele [Binyamin Netanyahu] faz isso por demagogia interna ou por qualquer outra razão, mas certamente se ele está esperando isso não vai receber. Não posso falar pelo presidente, mas eu não vejo nada, não vejo razão para o presidente se desculpar", disse Celso Amorim ao jornal.

"Tenho certeza que essa pressão é mais da mídia brasileira do que de qualquer outro lugar. Ele não recebeu nenhuma pressão. Por exemplo, Antony Blinken [secretário de Estado americano] nem de longe sugeriu a ideia de pedido de desculpas. Ele fez uma referência ao Holocausto de maneira muito sutil. Ficamos com a opinião da Corte Internacional. É um genocídio. Não sei qual vai ser a decisão definitiva da corte, mas o que existe hoje é o seguinte: há uma plausibilidade na acusação de genocídio", acrescentou. 

De acordo com o ex-chanceler, "nunca estivemos afastados do povo judeu, nem sequer do Estado de Israel, cuja existência nós defendemos. O problema é que esse governo, além do que ele está fazendo em Gaza, comportou-se de uma maneira diplomaticamente inadmissível".

Amorim também avalia que o diálogo com o governo Netanyahu como "praticamente impossível" enquanto o massacre do povo palestino não for interrompido. "Pode ser que mude de atitude; eu sou um pouco pessimista. Obviamente esse governo não quer que exista a Palestina, nem em Gaza nem na Cisjordânia. Uma das declarações citada pela África do Sul, mas repetida pela Corte, é de que não há inocentes. Se não há inocentes, é preciso eliminar todo mundo. Diferenciar isso de genocídio é muito difícil", ressaltou Celso Amorim. 

O diplomata afirma que o Brasil não irá agir contra Israel, apesar da crise diplomática entre os dois países. "Não vamos agir contra Israel. Não tem nada disso. Mas também não podemos apagar uma aliança estranha que existe entre o governo de Israel e a extrema direita brasileira", pontuou.

Persona non grata

Em visita ao memorial do Holocausto, onde se reuniu com o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, disse na última segunda-feira (19), que o presidente Lula não é bem-vindo em Israel.

"Não esqueceremos nem perdoaremos. É um ataque antissemita grave. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel - digam ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que o retire", afirmou.

 * Sob supervisão de Lilian Coelho

Perfil Brasil
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