Centrais sindicais repudiam nota em tom de ameaça de Heleno: 'Golpe contra a democracia'
'Ao invés de cumprir a lei e respeitar a decisão do ministro do Supremo, o ministro Heleno faz um chamado ao descumprimento da ordem judicial, o que é um crime previsto na legislação penal', diz nota assinada por nove centrais
Representantes das nove maiores centrais sindicais do Brasil assinaram neste sábado, 23, um texto de repúdio à nota do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno no qual acusam o general da reserva de fazer um "chamado ao descumprimento de ordem judicial" e à "ordem constitucional" e conclamam as "forças democráticas" a defenderem a democracia e impedirem uma "escalada golpista".
"Ao invés de cumprir a lei e respeitar a decisão do ministro do Supremo, o ministro Heleno faz um chamado ao descumprimento da ordem judicial, o que é um crime previsto na legislação penal (...) O manifesto do ministro é um apelo a quebra da ordem constitucional, um golpe contra a democracia", dizem as centrais.
Assinam o texto os presidentes da CUT, Sérgio Nobre; Força Sindical, Miguel Torres; UGT, Ricardo Patah; CTB, Adilson Araújo; NCST, José Calixto Ramos; CSB, Antonio Neto; CGTB, Ubiraci Dantas Oliveira; Pública, José Gozze, e o secret-ario-geral da Intersindical, Edson Carneiro Índio.
Entrte eles há filiados a partidos de oposição como PT, PSOL, PDT, PC do B e PSDB e também do Centrão como SDD e PSD.
Na sexta-feira, 22, o ministro divulgou uma nota em tom de ameaça na qual diz que a possível apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro poderia "ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional". A nota foi interpretada por vários setores da política como uma ameaça de rompimento da ordem democrática por parte do general da reserva.
Heleno se referia a uma decisão do ministro Celso de Mello, do Superior Tribunal Federal (STF), que remeteu à Procuradoria Geral da República (PGR) pedidos feitos por partidos de oposição para que os aparelhos de Bolsonaro e seu filho, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro, fossem apreendidos no âmbito do processo que investiga possível interferência do presidente na Polícia Federal para proteger filhos e amigos, com base em acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
No texto os sindicalistas pedem unidade das forças democráticas contra a "escalada golpista". "Os trabalhadores brasileiros condenam a posição arbitrária do general Heleno e conclamam todas as forças democráticas do país a cerrarem fileiras em defesa da democracia e da Constituição, isolando e impedindo a continuidade da escalada golpista", diz a nota.