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Ap�s 10 anos no SUS, vacina��o contra HPV ainda enfrenta desinforma��o e falta de conhecimento

IMUNIZANTE QUE PODE ZERAR OS CASOS DE C�NCER DE COLO DE �TERO � ALVO DE TABUS E RESIST�NCIA ENTRE A POPULA��O E AT� NOS�CONSULT�RIOS

27 jul 2024 - 15h10
(atualizado em 2/8/2024 às 16h20)
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A vacina que protege contra o papilomav�rus humano (HPV) e previne o c�ncer do colo do �tero � segura e uma das mais eficazes do calend�rio vacinal brasileiro, com quase 100% de efic�cia comprovada. Apesar disso, a desinforma��o que se espalha nas redes � uma das principais raz�es pelas quais esta vacina, dispon�vel no Sistema �nico de Sa�de (SUS) h� dez anos, esteja entre as tr�s com maior �ndice de hesita��o vacinal no Pa�s. O dado � do Programa Integral de Imuniza��o do escrit�rio da Organiza��o Pan-Americana da Sa�de (OPAS), e mostra que, al�m das vacinas contra a gripe e a covid-19, a do HPV � uma daquelas que mais enfrentam resist�ncia dos brasileiros.

Embalagem da vacina do HPV
Embalagem da vacina do HPV
Foto: JF Diorio/Estadão / Estadão

A oncologista cl�nica Ang�lica Nogueira, presidente eleita da Sociedade Brasileira de Oncologia Cl�nica (SBOC), explica que virtualmente 100% dos casos de c�ncer de colo do �tero s�o associados ao HPV. Nogueira destaca que a vacina��o � importante principalmente porque a infec��o pelo v�rus n�o � cur�vel.

"O que existe contra HPV � a vacina preventiva para quem ainda n�o teve a infec��o persistente", afirmou. "Estamos falando de evitar diagn�stico de um c�ncer que tem uma morbidade e mortalidade alta com uma medida muito simples, que � a vacina��o".

Tabus relacionados a sexualidade atrapalham vacina��o

Apesar de ser uma vacina segura, eficaz e proteger contra o c�ncer, muita gente deixa de levar os filhos para se imunizar por conta dos tabus que existem em torno da vacina. Kfouri observa que, por proteger de um v�rus sexualmente transmiss�vel, os pais n�o veem sentido em vacinar crian�as em idade n�o sexual. Muitos acreditam que essa vacina��o pode estimular uma antecipa��o da vida sexual, mas n�o h� dados que comprovem isso. A vacina � aplicada antes do in�cio da atividade sexual para proteger a crian�a ou o adolescente enquanto ele ainda n�o foi exposto.

Conforme o vice-presidente da SBIm, um agravante que contribuiu para que o imunizante fosse cercado de tabus foi um epis�dio registrado no Acre e que deu origem � cria��o da Associa��o das V�timas da Vacina do HPV em 2014, justamente quando a vacina foi introduzida no SUS. Na �poca, adolescentes que receberam o imunizante come�aram a ter convuls�es, que se espalharam entre outras meninas pr�ximas que tamb�m tinham se vacinado. Depois, ficou provado que esses sintomas n�o tinham sido causados pela vacina. Mas essa situa��o � vista entre imunologistas brasileiros como o ponto de partida do antivacinismo no Brasil.

Adolescentes no Acre tiveram convuls�es, mas associa��o com vacina foi descartada

A partir do primeiro relato de convuls�es nas redes sociais, outras adolescentes come�aram a dizer que tinham sentido o mesmo. De repente, havia um grupo de m�es de meninas do Acre atribuindo as convuls�es - que na �poca foram erroneamente entendidas como epilepsia - a uma rea��o � vacina. A bula da vacina inclui a possibilidade rara de desmaio e convuls�es, mas n�o de epilepsia. As rea��es mais comuns s�o no local da inje��o (como dor, incha�o, coceira, hematoma e vermelhid�o) e dor de cabe�a, febre e dor nas extremidades, tontura, n�useas e v�mitos.

Ballalai recorda que, antes dos especialistas perceberem algo, o assunto j� havia tomado o Instagram, onde m�es diziam que a vacina causava rea��es. N�o havia qualquer comprova��o de que aqueles epis�dios tinham sido decorrentes da imuniza��o, mas o "diagn�stico" foi feito, prontamente, por associa��o.

A partir da interven��o da SBIm, o Minist�rio da Sa�de passou a investigar o caso. Parte das meninas participaram de um estudo na Universidade de S�o Paulo (USP), que descartou a associa��o entre os casos e as vacinas. "Descobriram que n�o havia nada da vacina em si, eram manifesta��es psicog�nicas. As crises eram n�o epil�pticas, mas o estrago estava feito. At� hoje, as coberturas do Acre s�o as piores do Brasil", apontou Kfouri.

Desinforma��o � apenas um dos problemas para hesita��o vacinal

Apesar de a desinforma��o ser um problema crescente, n�o � a �nica causa para a hesita��o vacinal. Segundo Lely Guzm�n, coordenadora do Programa Integral de Imuniza��o do escrit�rio da Opas, as motiva��es para algu�m n�o se vacinar s�o diversas.

"Experi�ncias negativas relacionadas aos servi�os de sa�de, barreiras de acesso, preocupa��o com as poss�veis rea��es das vacinas - ainda que leves - e medo de agulha s�o exemplos de situa��es que tamb�m podem levar � hesita��o vacinal", explicou.

No caso do Brasil, destaca Guzm�n, um inqu�rito de cobertura vacinal em crian�as nascidas entre 2017 e 2018, feito pelo Minist�rio da Sa�de em parceria com a Faculdade de Medicina da Santa Casa de S�o Paulo, apontou que 18% dos entrevistados se preocupavam com rea��es graves das vacinas.

A mesma pesquisa demonstrou que 28,3% dos entrevistados relataram n�o ter conseguido vacinar uma crian�a apesar de t�-la levado a um posto de vacina��o. Outros 7,6% tiveram dificuldade de levar seus filhos para serem vacinados.

Outro fator apontado por Guzm�n para a queda das coberturas vacinais � surpreendente: o sucesso do Programa Nacional de Imuniza��es (PNI). Segundo ela, devido � amplitude do programa, houve a erradica��o de diversas doen�as, o que diminuiu a percep��o de riscos relacionados a elas pela popula��o e at� pelos trabalhadores da sa�de.

Para mudar esse cen�rio, s�o necess�rias diferentes medidas. Guzm�n destaca que, em rela��o ao medo das rea��es, � preciso esclarecer quais s�o as mais comuns e as mais raras e graves. Tamb�m � importante aumentar o acesso aos imunizantes, levando-os at� a casa das pessoas ou outros espa�os de alta circula��o. Especificamente sobre o imunizante contra HPV, Guzm�n ressalta a import�ncia de mostrar a toda a fam�lia que a vacina oferece prote��o contra diversos tipos de c�ncer que podem matar homens e mulheres de todas as idades.

Nesse contexto, a oncologista Ang�lica Nogueira comenta que, no dia a dia da cl�nica, se percebe que a popula��o � aberta � vacina��o, mas nem sempre sabe a import�ncia de cada imunizante. "Se o m�dico � claro na informa��o de que a vacina do HPV � uma vacina contra c�ncer, que protege homens e mulheres, e que vacinando as crian�as a gente tem maior efeito para quando elas virarem adultas, os pais e quem cuida de crian�as imediatamente aceitam a informa��o".

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Estadão
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