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Comlurb participa de distribuição de urnas no Rio de Janeiro desde 1996

Conteúdo afirma que é suspeito que funcionários da Comlurb participem da distribuição de urnas no Rio

16 out 2024 - 15h37
(atualizado às 16h35)
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Resumo
CONTEXTUALIZANDO - A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), da cidade do Rio de Janeiro, participa da distribuição das urnas eletrônicas desde 1996, quando foi firmado convênio com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ). Um vídeo compartilhado mostra o trabalho dos garis e tenta pôr em dúvida o processo eleitoral. Não há, porém, qualquer comprovação de que o transporte feito pela Comlurb tenha relação com algum tipo de fraude.

Conteúdo analisado: Vídeo mostra trabalhadores da Comlurb envolvidos no transporte de urnas eletrônicas em um galpão no Rio de Janeiro. A legenda do post diz: “que eu saiba é trabalho para funcionários designados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não à prefeitura. Não digo que houve fraude, mas é sem dúvidas extremamente suspeito!”. De forma irônica, um homem diz no vídeo que “o processo é realmente legítimo e legal”.

Onde foi publicado: X e YouTube.

Contextualizando: Desde 2018, durante períodos de eleição, circulam conteúdos enganosos que relacionam a participação da Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb) no transporte de urnas eletrônicas a supostos casos de fraude eleitoral. Em 2024, este tipo de conteúdo voltou a ser compartilhado, mas não há nenhuma comprovação de fraude nas urnas eletrônicas, seja relacionada ao trabalho dos garis no transporte dos equipamentos de votação ou não (entenda o porquê mais abaixo).

Tem circulado na internet um vídeo publicado nos dias 8, 9 e 10 de outubro deste ano por diferentes perfis em diferentes redes, após o primeiro turno das eleições municipais de 2024. As imagens mostram trabalhadores da Comlurb transportando urnas no Rio de Janeiro. Os autores questionam o trabalho conjunto da prefeitura da cidade com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a insinuação de que o fato seria motivo para duvidar do processo eleitoral.

A participação do órgão municipal na logística de distribuição das urnas se dá, no entanto, há 28 anos, por meio de uma parceria firmada entre a Comlurb e o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), como explicou o órgão por meio de nota enviada ao Comprova.

“O órgão municipal é parceiro do TRE-RJ, por meio de um convênio, para distribuição de urnas eletrônicas. Uma parceria que vem desde as eleições de 1996. “Neste primeiro turno, mais de mil profissionais da empresa atuaram na distribuição dos equipamentos e atuam acompanhados por servidores da Justiça Eleitoral e por policiais militares”, informou o Tribunal, acrescentando que tem conhecimento das informações falsas e desinformação desde 2018.

O ano de 1996 também foi o ano em que as urnas eletrônicas foram implementadas pela primeira vez no processo eleitoral brasileiro. De acordo com o site do TSE, um terço do eleitorado da época teve o voto para as eleições municipais registrado nas urnas.

A Comlurb reforçou, também por meio de nota, que “o trabalho é feito em todos os pleitos, a pedido da Justiça Eleitoral e com base em termo de cooperação assinado com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE)”. O órgão municipal de limpeza ainda confirmou que “todo o serviço é realizado sob orientação de técnicos da Justiça Eleitoral e agentes da Polícia Militar”.

Segundo a companhia, mais de 3 mil garis e 200 agentes de limpeza participaram do transporte das urnas no Rio de Janeiro, que ocorreu nos dias 5 e 6 de outubro. O órgão não soube informar onde o vídeo divulgado nas redes sociais foi gravado.

O TSE afirma ser impossível fraudar as máquinas de votação. Especialistas ouvidos pelo Comprova em outra checagem garantem que as urnas possuem ferramentas seguras e eficazes contra fraudes.

Antes de serem usadas no dia das eleições, as urnas passam por um processo de lacração. Os lacres são produzidos pela Casa da Moeda e garantem que o equipamento não passou por uma tentativa de violação. Os equipamentos também têm um sistema eletrônico que impede o funcionamento fora do horário das eleições.

Na data do pleito, a máquina é ligada na presença de mesários e de fiscais de partidos políticos. Antes de abrir a votação, eles imprimem um documento chamado zerésima, que atesta que não há nenhum voto registrado no aparelho.

A Justiça Eleitoral informa que o programa usado nas urnas tem mais de 30 camadas de segurança; o código-fonte pode ser inspecionado por entidades fiscalizadoras como o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e universidades. Todos esses processos são realizados para garantir a segurança do voto.

Fontes consultadas: Comlurb, TRE-RJ, além de veículos de notícia e sites institucionais que desmentiram o mesmo tipo de conteúdo em períodos eleitorais passados.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: Em 2022, o G1 checou um vídeo que mostrava os garis no trabalho de distribuição das urnas com a utilização de ônibus escolar e explicou que a ação é normal. O Comprova já checou conteúdos que tentam colocar em dúvida o processo eleitoral, a exemplo de uma publicação que dizia que havia dispositivo em urna capaz de alterar o resultado.

Conteúdo afirma que é suspeito que funcionários da Comlurb participem da distribuição de urnas no Rio
Conteúdo afirma que é suspeito que funcionários da Comlurb participem da distribuição de urnas no Rio
Foto: Reprodução/Projeto Comprova

* Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada e mantida pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros --incluindo o Terra-- para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhadas nas redes sociais.

Fonte: Redação Terra
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