Dallagnol não disse que igualdade salarial 'não é de Deus' ao votar contra projeto
Não é verdade que o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou que a igualdade salarial entre homens e mulheres "não é de Deus", como afirmam publicações nas redes. O Aos Fatos não encontrou registro de qualquer declaração semelhante do ex-procurador no site da Câmara dos Deputados ou em suas redes sociais.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam ao menos 1.200 compartilhamentos no Facebook e centenas de compartilhamentos no Twitter nesta segunda-feira (8) e também circulam no WhatsApp, plataforma em que não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).
'Não é de Deus'.Com essa afirmação o deputado Deltan Dallagnol justificou seu voto contra a igualdade salarial entre homens e mulheres. Acrescentou o ex-procurador: 'Mulheres devem se resignar em ganhar menos. A submissão ao homem deve ser até na remuneração. Está na Bíblia'
Publicações nas redes enganam ao afirmar que o deputado federal Deltan Dallagnol disse que "mulheres devem se resignar em ganhar menos" durante a votação do PL 1.085/2023, que institui medidas para garantir a igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função profissional. Em busca nas redes, na imprensa e nas notas taquigráficas da Câmara dos Deputados, o Aos Fatos não identificou nenhuma declaração do ex-procurador com esse teor.
Dallagnol de fato votou contra o PL, mas não discursou durante a sessão da Câmara dos Deputados que apreciou o projeto, no dia 4 de maio. Também não há nenhuma fala do parlamentar na página que arquiva discursos sobre o texto no site da Casa Legislativa.
Aos Fatos também não encontrou nenhuma declaração semelhante em outros discursos do deputado ao longo de seu mandato ou em suas redes sociais (Twitter, Facebook e Instagram). Em nota enviada ao Aos Fatos, a assessoria de Dallagnol afirmou que a declaração reproduzida pelos posts nunca foi dita pelo ex-procurador.
'PL das Fake News.' Em posts recentes nas redes, Dallagnol fez menção a um versículo bíblico que prega a submissão feminina para criticar o PL 2.630/2020. De acordo com ele, o projeto proibiria que trechos do livro sagrado que pregam, por exemplo, a violência contra crianças ou a inferioridade das mulheres, fossem publicados nas redes, já que poderiam ser enquadrados como crime de discriminação. Isso, no entanto, é mentira, já que o texto do projeto deixa claro que serão resguardados os direitos de livre manifestação religiosa.
O Boatos.org também desmentiu essa peça de desinformação.
Referências:
1. Câmara dos Deputados (1, 2, 3, 4 e 5)
2. Aos Fatos