É falso que carne e passagens aéreas tenham sofrido alta de mais de 40% durante governo Lula
VÍDEO LISTA NOTÍCIAS NEGATIVAS SOBRE ATUAL GESTÃO, MAS MISTURA DADOS VERDADEIROS A OUTROS FALSOS
O que estão compartilhando: vídeo afirma que a carne acumula alta de 48% e as passagens aéreas de mais de 40% no governo Lula. Há outras afirmações sobre o que teria ocorrido no atual mandato do presidente: que o salário mínimo não terá o aumento prometido em 2025, que as compras online sofreram aumentos de mais de 92% com um novo imposto criado, que o seguro de veículos DPVAT voltou a ser obrigatório, que houve desvalorização histórica do real frente ao dólar e que ocorreu recorde de queimadas da Amazônia em 20 anos.
O Estadão Verifica apurou que: são falsos os aumentos atribuídos à carne e às passagens aéreas. Houve aumento, mas em patamares bem inferiores aos citados no vídeo. Em relação ao salário mínimo, há necessidade de contexto: a nova regra de reajuste do mínimo ainda não foi aprovada pelo Congresso Nacional. As demais alegações são verdadeiras.
Saiba mais: a postagem exibe uma peça da campanha de Lula à Presidência da República, de outubro de 2022, com a participação de artistas e personalidades. Sobre o vídeo, é escrita a frase: "não se esqueça destes rostinhos lindos, meigos e amáveis" e, na sequência, uma série de afirmações falsas e enganosas.
Os dados oficiais mostram alta no preço da carne e das passagens aéreas, mas em patamares bem inferiores. Em resposta ao Estadão Verifica, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que, em relação à carne, a alta acumulada de janeiro de 2023 (início do governo Lula) a novembro deste ano é de 4,04%. No caso das passagens aéreas, a variação acumulada no mesmo período é de 9,54%. A base de análise é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), produzido pelo IBGE e considerado o índice de preços oficial pelo governo federal.
Ainda em relação às passagens aéreas, o Verifica consultou informações da Agência Nacional de Aviação (Anac). Os dados disponíveis permitem análise de janeiro de 2023 a outubro deste ano, e mostram que a tarifa média dos voos nacionais teve alta de 8%.
Além dessas afirmações falsas, o vídeo traz outras que são verdadeiras ou imprecisas. Uma que necessita de contexto é a que diz que o salário mínimo não terá o aumento prometido em 2025. De fato, como mostrou o Estadão Verifica, o governo propôs uma alteração na política de valorização anual do salário mínimo, atualmente de R$ 1.412, para adequá-la à regra do arcabouço fiscal. Com isso, o reajuste anual passaria a ter um teto de 2,5% de ganho real além da inflação, o que implicaria em redução do aumento previsto para 2025.
De acordo com os índices mais recentes da inflação e do Produto Interno Bruto (PIB) utilizados no cálculo atual do reajuste do mínimo, a valorização para 2025 sofreria uma redução de R$ 1.528 para R$ 1.518. No entanto, para que isso aconteça, a medida ainda precisa ser aprovada, o que não aconteceu. Ela consta do Projeto de Lei (PL) 4614/24, que está em tramitação no Congresso Nacional.
Outra afirmação é de que compras online sofreram aumentos de mais de 92% com o novo imposto criado. Esse porcentual aparece em estimativa da AliExpress informada a uma reportagem do Valor Econômico, e se refere à chamada "taxa das blusinhas", imposto sobre a compra de itens importados via e-commerce no valor de até 50 dólares, que antes eram isentos de tributo. A taxação foi incluída na lei que instituiu o Programa Mover em acordo com o governo federal.
Já as demais alegações do vídeo, de que Lula voltou com o seguro obrigatório de veículos DPVAT (Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres), que o real nunca valeu tão pouco frente ao dólar e que a Amazônia registrou o pior resultado em queimadas dos últimos anos são verdadeiras, como mostram matérias do Estadão (1, 2 e 3).