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Explosão de bateria de lítio registrada em vídeo viral não foi causada por elevador

POSTAGENS ALEGAM QUE INCIDENTE OCORREU POR ESTAR DENTRO DO TRANSPORTE, MAS NÃO HÁ RELAÇÃO; CONTEÚDOS ALARMISTAS LEVANTAM SUSPEITAS SOBRE A SEGURANÇA DE VEÍCULOS ELÉTRICOS

13 ago 2024 - 09h50
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O que estão compartilhando: vídeo que mostra a explosão de uma bateria de lítio dentro de um elevador. Postagens virais alegam que, quando o elevador fecha, a carga elétrica da bateria de lítio transforma o transporte numa "bateria magnética", o que teria acarretado a explosão. Os posts também levantam dúvidas sobre a segurança das baterias.

Explosão de bateria de lítio registrada em vídeo viral não foi causada por elevador
Explosão de bateria de lítio registrada em vídeo viral não foi causada por elevador
Foto: Reprodução/Facebook / Estadão

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O vídeo é real e o caso aconteceu na China. Informações da imprensa chinesa explicam que a bateria estava quente e o homem transportava o material para a área externa para resfriar. Ao contrário do que afirmam postagens virais, a explosão nada tem a ver com o fato de a bateria de lítio estar dentro de um elevador. Uma especialista consultada pelo Verifica explicou que as baterias de lítio inflamam quando sua composição química interna entra em contato com o ar, ou seja, quando seu encapsulamento externo rompe. Esse rompimento pode ocorrer por diversos motivos, como a alta temperatura das células da bateria.

Saiba mais: um vídeo que mostra a explosão de uma bateria de lítio dentro de um elevador viralizou nas redes sociais. Na gravação, é possível ver um homem carregando a bateria, que pega fogo e explode segundos depois de entrar no elevador.

A filmagem é real e, apesar de ter viralizado recentemente, foi registrada na China em 2021. A imprensa local afirmou que o homem havia percebido que a bateria do carro estava aquecida anormalmente. Por este motivo, ele decidiu levar a bateria para o lado de fora para resfriá-la. O homem sofreu queimaduras em várias partes do corpo e lesões graves. Ele faleceu 26 dias após a explosão por um infarto agudo do miocárdio.

Diferentes postagens nas redes sociais atribuem a explosão ao fato de a bateria estar dentro de um elevador. "Quando o elevador fecha, a carga elétrica da bateria transforma todo o elevador numa bateria magnética", diz uma das legendas. No entanto, o incidente não tem relação com o meio de transporte.

De acordo com Cynthia Thamires da Silva, doutora em Gerenciamento Eletrônico de Baterias pela Universidade de São Paulo (USP) e cofundadora da empresa de baterias de lítio inteligentes HION Tecnologia, as baterias de lítio inflamam quando sua composição química interna entra em contato com o ar, ou seja, quando seu encapsulamento externo rompe. Esse rompimento pode ocorrer por diversos motivos, como alta temperatura, sobrecarga, sobretensão ou sobrecorrente.

"Diretamente, o elevador não possui interferência no funcionamento da bateria de lítio", explicou. "Essa falha da bateria poderia ocorrer em qualquer lugar e coincidentemente ocorreu no momento em que a porta do elevador fechou. A maior probabilidade é que a bateria possuía alguma falha que não foi devidamente tratada pelo sistema de gerenciamento, o encapsulamento externo se rompeu, o elemento químico da bateria entrou em contato com o ar e inflamou".

Conteúdos levantam suspeitas sobre veículos elétricos

As baterias de lítio têm diversas aplicações, como o uso em smartphones, notebooks e veículos elétricos ou híbridos. Dessa forma, o vídeo viral desencadeou uma série de comentários que levantam suspeitas e dúvidas sobre a segurança desses equipamentos. "Essas baterias são a coisa mais perigosa que o ser humano já fez", afirmou um usuário. "Esse carros elétricos serão a 3ª guerra mundial", disse outro.

Em nota ao Verifica, no entanto, a Associação Brasileira de Baterias Automotivas e Industriais (Abrabat) garantiu a segurança das baterias de lítio. A entidade reforça que, atualmente, o monitoramento de temperatura e de impactos de agentes externos é feito em tempo real por meio de uma central de inteligência inserida em cada bateria. Trata-se do Battery Management System, ou BMS. A Abrabat ressalta que os casos de incidentes envolvendo baterias de lítio são isolados e precisam de uma avaliação individual quanto às condições de uso e externalidades.

Cynthia também afirma que as baterias de lítio de aplicações automotivas são seguras, pois passam por diversos ensaios que a própria indústria demanda. A especialista indica que, para que ocorra a inflamação de uma bateria de lítio, deve haver um impacto ou falha muito grande, da mesma forma que também pode ocorrer com veículos à combustão. "Pode acontecer, mas é raro e os componentes são feitos com critérios altos de segurança", afirmou.

Para evitar acidentes, a Abrabat destaca que é importante monitorar com atenção os indicadores da bateria, especialmente a temperatura, e proteger o equipamento de colisões frequentes. A entidade recomenda que usuários fiquem atentos ao armazenamento adequado, assim como o carregamento correto, com carregadores certificados e destinados para cada sistema específico.

A associação aconselha que sobrecargas ou descargas profundas sejam evitadas. Também é indicado que as baterias de lítio sejam utilizadas exclusivamente para a finalidade a que se destinam, sem adaptações que contrariem as orientações dos fabricantes.

Além disso, Cynthia recomenda averiguar as normas de segurança que as baterias atendem com os fabricantes. Dessa forma, é possível garantir que a bateria é de boa qualidade e possui um sistema de gerenciamento eletrônico bom o suficiente para garantir a proteção do sistema.

Como lidar com postagens do tipo: em casos de acidente, é importante entender quais são as informações apuradas até o momento. Neste caso, alegações não confirmadas ou falsas podem atrapalhar a conscientização e a prevenção de acidentes. Pesquise detalhes em fontes confiáveis e seguras.

Leitores solicitaram checagem deste conteúdo pelo WhatsApp do Estadão Verifica, número (11) 97683-7490.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

Estadão
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