Furacão Milton não fez rota 'quase sobrenatural' mostrada em postagem no Instagram
ANIMAÇÃO EXIBE FURACÃO SUBINDO PELA COSTA LESTE DOS ESTADOS UNIDOS; NA VERDADE, A TEMPESTADE ATRAVESSOU A PENÍNSULA DA FLÓRIDA E SE DISSIPOU NO OCEANO ATLÂNTICO
O que estão compartilhando: animação no Instagram mostra a suposta "estranha rota, quase sobrenatural" do Furacão Milton. Na rota exibida na publicação, depois de chegar pelo Golfo do México à região da cidade de Tampa, na costa oeste da Flórida, o furacão ruma para o norte e depois para nordeste, avançando sobre os estados da Geórgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte.
O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. Na verdade, como mostram mapas e animações publicados pela imprensa, depois de atingir Tampa, o furacão Milton manteve seu rumo em direção ao leste. Ele atravessou a península da Flórida e se dissipou no Oceano Atlântico.
Apesar de seus impactos terem causado pelo menos 16 mortes, enchentes, destruição e interrupção do fornecimento de energia elétrica e água para milhões de pessoas, as previsões de cenários mais catastróficos não aconteceram. Mesmo só tendo avançado diretamente sobre a Flórida, a passagem do Milton pelo Golfo do México também provocou impactos moderados no México, nas Bahamas e em Cuba.
Milton surpreendeu pelo rápido crescimento
Diferentemente do que alega a animação publicada no Instagram, o que surpreendeu os especialistas em relação ao furacão Milton não foi a trajetória, mas a inédita rapidez com que ele se intensificou. Sua transformação de uma tempestade tropical em um dos mais poderosos furacões já registrados - ocorrida entre os dias 6 e 7 de outubro - é classificada como "explosiva". Esse fenômeno, inclusive, reacendeu a discussão sobre a possibilidade de se estabelecer um novo patamar máximo de classificação — categoria 6 — para assinalar os furacões mais potentes e perigosos.
Outro marco histórico foi o fato de que, apenas duas semanas antes do Milton, outro grande furacão havia se intensificado com muita rapidez. Formado no Mar do Caribe, o Helene subiu pelo Golfo do México e atingiu os EUA em 26 de setembro, causando cerca de 200 mortes e vastos danos nos estados da Flórida, Geórgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte.
A força e os "saltos" de potência do Helene e do Milton são mais evidências de que as mudanças que estão em curso no planeta aumentam a frequência e o potencial destrutivo de fenômenos climáticos extremos. No caso dos furacões, uma mudança especialmente perigosa é o aumento das temperaturas na superfície do mar.
Crise climática deixou furacão nos EUA mais forte? Estudo calcula
Imagem criada digitalmente é compartilhada como se mostrasse chegada de furacão Milton à Flórida