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Mpox não é reação adversa de vacina contra covid, nem é a mesma doença que herpes-zóster

IMUNIZANTES CONTRA CORONAVÍRUS SÃO SEGUROS E NÃO SÃO CAPAZES DE TRANSMITIR VARÍOLA; ALEGAÇÕES VIRALIZARAM NAS REDES EM POSTAGENS DE MÉDICOS NEGACIONISTAS

28 ago 2024 - 16h41
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O que estão compartilhando: que a mpox é uma reação adversa da vacina da covid-19.

Publicações virais espalham desinformação sobre a mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos.
Publicações virais espalham desinformação sobre a mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos.
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde informaram que a mpox é uma doença viral, que não é causada ou induzida pelas vacinas contra a covid-19. Especialistas ouvidos pelo Estadão Verifica confirmaram que a alegação não é verdadeira.

Vacina AstraZeneca não contém nem transmite varíola dos macacos

Saiba mais: Neste mês, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a mpox, anteriormente chamada de varíola dos macacos, como uma emergência global após surtos no Congo e outras partes da África. Há casos confirmados em crianças e adultos em mais de uma dúzia de países. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, há 709 casos confirmados ou suspeitos de mpox em 2024.

Atrelado ao temor com o vírus, uma onda de postagens nas redes sociais espalham desinformação sobre a mpox, afirmando que a doença é ocasionada por uma reação das vacinas contra a covid-19. Outras publicações ainda afirmam que o vírus é o mesmo do herpes-zóster, e que seria ativado pela vacinação contra covid. Os posts também lançam dúvidas sobre o imunizante contra a mpox.

Não é verdade que a mpox seja uma reação adversa da vacina contra a covid-19. As bulas dos imunizantes disponíveis no Brasil, Comirnaty, da Pfizer, Oxford, CoronaVac e Janssen, não relatam a mpox ou varíola como um efeito colateral. Os documentos podem ser acessados no Bulário Eletrônico da Anvisa.

Entre os sintomas muito comuns de reação das vacinas após aplicação, estão listados:

Pfizer (incluído a bivalente): dor de cabeça, diarréia, dor nas articulações, dor muscular, dor e inchaço no local de injeção, cansaço, calafrios e febre. Janssen: dor de cabeça, náusea, dores musculares, dor no local da injeção, sensação de muito cansaço. Astrazeneca: Sensibilidade, dor, sensação de calor, coceira ou hematoma (manchas roxas) onde a injeção é administrada, sensação de indisposição de forma geral, cansaço (fadiga), calafrio ou sensação febril, dor de cabeça, enjoos (náusea), dor na articulação ou dor muscular. Butantan (público infantil e adulto): dor no local da aplicação.

Em nota ao Estadão Verifica, a Anvisa disse que "não há nenhuma relação entre o uso de vacinas para covid e a ocorrência de casos de mpox." O Ministério da Saúde havia esclarecido anteriormente que a doença não possui relação com o imunizante: "É falsa a narrativa que associa a mpox como efeito colateral de vacinas contra a covid-19. A infecção por mpox é causada por um vírus e não um efeito colateral de imunizantes".

O Verifica também consultou dois especialistas no assunto. O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, explicou que "a vacina contra a covid não induz a mpox". O professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Expedito Luna disse que a afirmação de que a mpox seria resultado da vacina contra a covid-19 não condiz com os fatos observados até o momento pela comunidade médica.

"A gente começou a usar as vacinas para covid-19 em todo o mundo em novembro de 2020, e aqui no Brasil em janeiro de 2021. Já o espalhamento global da mpox foi a partir de maio de 2022. Ou seja, a gente já estava há um ano e meio vacinando as pessoas (antes da nova onda de casos de mpox) então essa hipótese ela não tem correspondência com os fatos", explicou o professor da FMUSP.

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Mpox e herpes-zóster são doenças diferentes, ao contrário do que afirmam posts virais

Postagens que afirmam que a mpox e herpes-zóster são a mesma doença também se espalharam nas redes sociais. Expedito Luna, da FMUSP, explica que o vírus da mpox foi identificado na década de 50 em macacos, mas que casos em humanos só foram vistos em 1970 no Congo. A transmissão ocorre principalmente pelo contato da pele com uma pessoa lesionada, mas a transmissão também pode acontecer por meio de contato sexual.

Já a herpes-zóster, também conhecida como cobreiro, acontece pela reativação do vírus da catapora no corpo, o vírus varicela-zóster (VVZ). "O indivíduo que teve na infância (a catapora), uma vez que você desenvolve a doença você não elimina esse vírus, ele fica latente, e à medida que a gente envelhece ou tem uma baixa da resistência você reativa esse vírus latente", explicou Ricardo Kfouri, da Sbim.

As lesões cutâneas da herpes-zóster aparecem apenas de um lado do corpo e seguem o trajeto de um nervo. Já na mpox, as lesões podem aparecer em todo o corpo.

Alegações falsas são impulsionadas por médicos que já compartilharam fake news

Um vídeo enviado ao WhatsApp do Verifica para checagem ( para entrar em conosco pelo nosso canal) mostra uma mulher conhecida como Dra. Poornima Wagh. Ela afirma que a mpox é uma "doença autoimune induzida pela vacina de covid". Wagh ficou conhecida por espalhar, no auge da crise sanitária causada pela covid-19, que a pandemia era uma farsa. Essa alegação já foi checada pelo Verifica, em parceria com o Projeto Comprova.

Outro precursor da desinformação sobre a mpox é Wolfgang Wodarg, um médico e político alemão. Wodarg, em uma entrevista que se tornou viral, afirmou que a mpox seria, na realidade, herpes-zóster. A informação falsa foi checada pelo portal DW News, da Alemanha, e também pela AFP, no Brasil. As conclusões foram as mesmas obtidas nesta checagem.

Como lidar com postagens do tipo: É preciso cautela ao se deparar com postagens duvidosas sobre qualquer doença. Vimos na pandemia que muitas vezes conteúdos falsos ganham as redes de forma mais rápida que a verdade. Portanto, sempre procure se informar por meio de canais oficiais de órgãos de saúde e jornais de confiança. Sobre a mpox, o Estadão Verifica já checou que a vacina AstraZeneca não contém nem transmite varíola dos macacos e que não há comprovação científica de que óleo de melaleuca sirva para tratar mpox.

Estadão
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