Musk não gravou vídeo sobre multas pagas pelo X; postagem usa dublagem falsa
CONTEÚDO QUE CIRCULA NO TIKTOK UTILIZA IMAGENS DE UMA CONFERÊNCIA SOBRE BITCOIN NA QUAL O BILIONÁRIO PARTICIPOU EM 2021. NA ÉPOCA, ELE NÃO ERA PROPRIETÁRIO DA REDE SOCIAL
O que estão compartilhando: que o bilionário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), teria gravado uma mensagem aos brasileiros comunicando o pagamento de R$ 28,6 milhões em multas devidas à Justiça brasileira. Vídeo mostra imagens de Musk com um áudio em português que traduziria sua fala.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Uma dublagem inventada foi acrescentada ao vídeo que circula no TikTok, para parecer que Musk gravou vídeo sobre o pagamento de multas. O conteúdo usa imagens de uma conferência sobre bitcoin da qual o bilionário participou em 2021, antes de se tornar proprietário do X. Recentemente, a rede social informou ter pagado as multas de R$ 28,6 milhões impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e solicitou o desbloqueio da plataforma no Brasil. Porém, não há registros de que o bilionário tenha comunicado os brasileiros sobre a quitação da dívida por meio de um vídeo.
Saiba mais: o vídeo falso circula no TikTok desde sábado, 5, um dia após a imprensa noticiar que o X pagou as multas impostas pela Justiça brasileira. A dublagem falsa faz críticas ao bloqueio da rede social, determinado no dia 30 de agosto pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A plataforma saiu do ar porque fechou o escritório no Brasil e se recusou a nomear um representante para responder pela empresa no País.
Por meio da busca reversa de imagens (veja aqui como fazer), a reportagem identificou o vídeo original, que foi utilizado para produzir a peça verificada. A conferência sobre bitcoin foi transmitida no canal da Ark Invest, empresa americana de gestão de investimentos, no YouTube. Além de Musk, a discussão contou com a participação de Jack Dorsey, que à época era CEO do antigo Twitter.
X paga multas
A rede social quitou as multas de R$ 28,6 milhões impostas pelo ministro Alexandre de Moraes. Esse valor se divide da seguinte forma:
R$ 18,3 milhões foram por não cumprir ordens do STF para suspender perfis investigados por espalhar fake news, discurso de ódio e ataque às instituições;R$ 10 milhões foram aplicados por desrespeitar, nos dias 19 e 23 de setembro, a decisão que pedia a suspensão da plataforma no Brasil. O X usou IPs dinâmicos, o que permitiu o retorno temporário do aplicativo para alguns usuários;Além disso, R$ 300 mil foram cobrados por dificultar o recebimento de intimações judiciais. A multa foi imposta à advogada Rachel de Oliveira, representante legal do X.
Conforme mostrou o Estadão, a rede social fez o depósito do valor das multas na conta judicial errada. Na data do pagamento, Moraes informou que o depósito não havia sido realizado corretamente na conta vinculada aos autos e pediu que a Caixa Econômica transferisse imediatamente o valor para a conta correta, no Banco do Brasil. Essa era a última pendência para a rede social voltar a funcionar no Brasil.
Ainda na última sexta-feira, 4, o X voltou a pedir o desbloqueio imediato da rede social no Brasil. De acordo com reportagem publicada pelo Estadão, a empresa afirmou que a transferência do montante das multas entre contas judiciais é "mera providência administrativa" e não deveria impedir a liberação da plataforma. "O X afirma que fez o pagamento por meio de uma guia de depósito judicial - uma espécie de boleto bancário - emitida pela Caixa Econômica por orientação do próprio STF", informou o texto.
Até o momento, não há informações atualizadas sobre quando a rede social voltará a funcionar no Brasil. Moraes também pediu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) informe se é a favor do retorno do aplicativo.