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Não há evidências que EUA tenham gastado R$ 50 milhões em camisinhas para Gaza

DECLARAÇÃO DA PORTA-VOZ DA CASA BRANCA CARECE DE PROVAS; AMERICANOS TÊM PROGRAMA DE DISTRIBUIÇÃO DE PRESERVATIVOS, MAS INICIATIVA NÃO ATENDE O ORIENTE MÉDIO

30 jan 2025 - 12h58
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O que estão compartilhando: que a gestão do presidente dos EUA, Donald Trump, cortou o repasse de US$50 milhões que financiariam a compra de preservativos em Gaza.

A Casa Branca não apresentou evidências que comprovem a alegação da secretária de imprensa Karoline Leavitt
A Casa Branca não apresentou evidências que comprovem a alegação da secretária de imprensa Karoline Leavitt
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso, porque a Casa Branca não ofereceu nenhuma evidência que comprove essa informação. Em 2023, o mais recente para o qual há dados disponíveis, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês) gastou US$ 60,8 milhões com contraceptivos e preservativos para o mundo inteiro. Nenhum centavo dessa remessa teve a Faixa de Gaza como destino. Especialistas em ajuda dos EUA a Gaza e ajuda global à saúde consideraram a alegação suspeita.

Saiba mais: Durante coletiva de imprensa, realizada na última terça-feira, 28, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, defendeu a suspensão da administração Trump de subsídios federais e citou como exemplo um gasto de US$ 50 milhões destinados supostamente para financiamento de preservativos na Faixa de Gaza.

A fala dela foi: "O DOGE [Departamento de Eficiência Governamental] e o OMB [Escritório de Gestão e Orçamento] também descobriram que estavam prestes a ser gastos US$ 50 milhões dos contribuintes para financiar preservativos em Gaza. Isso é um desperdício absurdo de dinheiro do contribuinte. Então, é nisso que essa pausa está focada, em ser bons administradores dos dólares dos impostos".

Veículos profissionais de imprensa internacionais mostraram que não há evidências de que a afirmação seja verdadeira.

O jornal The Washington Post questionou Leavitt sobre a veracidade da alegação e ela respondeu enviando um artigo do site Fox News que inicialmente apenas citava sua própria declaração. "Citar a si mesmo não é evidência", explicou a matéria.

Mais adiante, o jornal informa que, em 2024, o Departamento de Estado lançou um programa de cinco anos de US$50 milhões, para melhorar os cuidados de saúde em Gaza. Mas a organização responsável pelo programa, Anera, disse que não estava fornecendo preservativos.

"Definitivamente, não houve nenhuma compra de preservativos em nosso programa, e não há componentes para planejamento familiar na GHRA [Atividade de Recuperação da Saúde de Gaza]", disse o porta-voz Steven Fake ao The Washington Post.

O jornal explica que é fato que o governo dos EUA distribui preservativos no exterior para prevenir a disseminação do HIV/AIDS. Muitas dessas compras de preservativos são feitas via um programa chamado Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da AIDS (PEPFAR). No entanto, nenhum país ou território no Oriente Médio faz parte do PEPFAR.

A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) também distribui preservativos. O relatório da USAID para o ano fiscal de 2023, o mais recente detalhando despesas com preservativos não relacionadas ao PEPFAR, mostrou que a USAID não forneceu ou financiou nenhum preservativo no Oriente Médio nos anos fiscais de 2021, 2022 e 2023.

De acordo com o relatório, explicou o jornal britânico The Telegraph, nenhum centavo dos US$ 60,8 milhões em remessas de contraceptivos e preservativos financiados pelos EUA em 2023, o mais recente para o qual há dados disponíveis, foi para Gaza.

A maior parte dos recursos, 89%, foi destinada ao continente africano. No Oriente Médio, apenas a Jordânia recebeu aproximadamente US$ 45.680 para contraceptivos orais e injetáveis - a primeira remessa para a região em vários anos.

A CNN conversou com especialistas em ajuda dos EUA a Gaza e ajuda global à saúde e eles expressaram dúvidas sobre a história de Leavitt ou simplesmente a consideram falsa.

O diretor do Centro de Política e Política de Saúde Global da Universidade de Georgetown, Matthew Kavanagh, disse, depois de investigar a alegação de Leavitt: "Parece claro para mim que não havia US$ 50 milhões em preservativos indo para Gaza. Isso é, na melhor das hipóteses, uma caracterização errônea".

O presidente da organização de advocacia Refugees International, Jeremy Konyndyk, disse que a alegação é falsa. "Isso é lixo total. Ou totalmente inventado, ou alguém que não sabe ler uma planilha", declarou ele, que foi funcionário da Usaid durante os governos Biden e Obama.

Estadão
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