Nikolas Ferreira não tentou impedir distribuição gratuita de um dos remédios mais caros do mundo
ZOLGENSMA TEM CUSTO ESTIMADO EM R$7 MILHÕES E ESTÁ DISPONÍVEL NO SUS; DEPUTADO FALOU QUE É A FAVOR DA LIBERAÇÃO DO MEDICAMENTO
O que estão compartilhando: que o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) estaria tentando impedir o governo federal de comprar e disponibilizar gratuitamente o Zolgensma, remédio que custa R$ 7 milhões, usado no tratamento da Atrofia Muscular Espinhal (AME), uma doença rara.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Ao consultar as redes sociais do parlamentar, não foram encontradas postagens contrárias à medida, anunciada recentemente pelo governo, em oferecer o tratamento na rede pública. Em fevereiro, Nikolas apresentou um requerimento ao Ministério da Saúde questionando a demora em oferecer o remédio.
Procurado, o deputado informou que jamais se opôs à disponibilização do medicamento. Nikolas disse que o acesso ao Zolgensma deve ser garantido o quanto antes.
O autor do conteúdo viral foi questionado sobre qual teria sido a sua fonte de informação, mas não retornou o contato.
Saiba mais: Em 24 de março, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer terapia com um dos medicamentos mais caros do mundo. Naquele dia, foi ao ar uma postagem no Instagram que afirma: "Liderados por Nikolas Ferreira (PL-MG), bolsonaristas tentam impedir que o presidente Lula distribua gratuitamente o Zolgensma".
A postagem afirma que o parlamentar mineiro teria argumentado que não era o momento de gastar recursos públicos com um remédio que custa até R$ 7 milhões na rede particular. Até o momento, a postagem falsa acumula quase 65 mil curtidas.
Nikolas cobrou acesso ao Zolgensma
A assessoria de Nikolas classificou como "absolutamente falsa" a afirmação de que o deputado teria se posicionado contra a distribuição gratuita do Zolgensma. Ele defende que o acesso ao medicamento seja "garantido o quanto antes, com transparência, responsabilidade e respeito à vida das crianças que dependem desse tratamento".
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que, em 2023, dos 2,8 milhões de nascidos vivos no País, 287 tenham AME, a doença que o remédio trata.
A previsão era de que o Zolgensma fosse incorporado ao SUS em 2023, como previa portaria de 6 de dezembro de 2022. Mas, somente a partir de 24 de março de 2025, com um acordo entre o ministério e a farmacêutica Novartis, ele passou a ser disponibilizado.
No mês passado, em 4 de fevereiro, o deputado apresentou o Requerimento de Informação (RIC) 153/2025, direcionado à então Ministra da Saúde, Nísia Trindade, cobrando explicações formais do governo federal sobre a falta de acesso ao Zolgensma no SUS.
No documento, o parlamentar argumentou que a demora em acessá-lo levava à judicialização de dezenas de casos, que poderia ser evitada com uma política pública eficiente e planejada.
"Entre 2023 e 2024, o governo gastou mais de R$457 milhões com demandas judiciais para atender esses pedidos", escreveu Nikolas no requerimento.
