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O que há de novo e quais provas reforçam versão de delator que participou do assassinato de Marielle

Assassinato de Marielle e Gomes ocorreu em 2018, quando o carro em que ambos estavam foi alvejado por tiros na região central do Rio

25 jul 2023 - 17h22
(atualizado às 17h45)
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Fotos de Ronnie Lessa, Élcio Queiroz e Maxwell Corrêa, suspeitos de asssassinar Marielle Franco
Fotos de Ronnie Lessa, Élcio Queiroz e Maxwell Corrêa, suspeitos de asssassinar Marielle Franco
Foto: Aos Fatos

Na segunda-feira, 24, a Operação Élpis trouxe a público os primeiros desdobramentos relevantes sobre o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, desde que a PF (Polícia Federal) passou a atuar mais ativamente no caso, em fevereiro deste ano. Os agentes cumpriram sete mandados de busca e apreensão e prenderam o ex-bombeiro Maxwell Corrêa, conhecido como Suel, apontado como um dos participantes do crime e que já havia sido detido em 2020 por atrapalhar as investigações.

Nas horas seguintes, os investigadores divulgaram parte de um depoimento prestado em 14 de junho pelo ex-policial militar Élcio Queiroz — preso em 2019 ao lado do policial militar Ronnie Lessa por suspeita de participação no assassinato —, dentro de acordo de delação premiada. Nele, o ex-PM confessa que participou do crime, aponta o autor dos disparos que vitimaram Marielle e Gomes e dá detalhes sobre os procedimentos adotados para dar fim às provas.

Com as novas revelações, usuários nas redes sociais passaram a levantar hipóteses não comprovadas e a disseminar desinformação. Abaixo, o Aos Fatos explica as principais novidades sobre o caso:

  1. O que Élcio Queiroz confessou?
  2. Por que a delação só ocorreu agora?
  3. Qual foi a participação de Maxwell Corrêa, segundo o ex-PM?
  4. Qual foi o destino das provas do crime?
  5. Os mandantes foram descobertos?

No depoimento, Élcio Queiroz confessou ter sido o motorista do carro usado no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. No dia do ataque, ele teria guiado o Cobalt de cor prata enquanto o ex-policial militar Ronnie Lessa fez os disparos com uma submetralhadora.

Queiroz e Lessa aguardaram por Marielle diante do centro cultural Casa das Pretas, onde ela participava de um evento. Imagens coletadas pela Delegacia de Homicídios em 2018 mostram o carro parado diante do local e a movimentação de Lessa, que teria passado para o banco traseiro antes de efetuar os disparos.

Depois de deixar o centro cultural, a vereadora foi seguida pelos suspeitos. Em uma rua próxima a um viaduto, Queiroz disse ter recebido a ordem de Lessa para emparelhar com o carro e, então, ter ouvido os disparos. A dupla fugiu logo em seguida.

2. Por que a delação só ocorreu agora?

Em entrevista coletiva na segunda, o delegado da PF Jaime Cândido afirmou que Queiroz teria sido convencido a fazer a delação por desconfiar de seu comparsa, Ronnie Lessa. Segundo ele, Lessa disse não ter feito qualquer tipo de pesquisa na internet sobre a vereadora antes do crime. Quando as investigações da polícia apontaram o contrário, no entanto, Queiroz teria se sentido traído pelo colega e decidido, então, confessar a participação no atentado.

Provas coletadas pela polícia mostram, por exemplo, que Lessa teria buscado o CPF e o endereço de Marielle dias antes do atentado, em um serviço de crédito. Ele também soube identificar rapidamente a vereadora na data do crime e demonstrou conhecimento sobre os locais que ela frequentava.

Entretanto, essa informação sobre as pesquisas já havia sido divulgada em 2019. Queiroz também disse na delação ter recebido por "meses" pelo menos R$ 5.000 de Suel, mas que a quantia foi reduzida mês a mês até deixar de ser depositada. "Tem quase um ano que não paga nem advogado, nem paga ninguém. Até parou de pagar advogado porque não estava tendo movimentação no processo", afirmou na delação.

3. Qual foi a participação de Maxwell Corrêa, segundo o ex-PM?

No depoimento, Queiroz alegou que o ex-bombeiro Maxwell Corrêa, conhecido como Suel, também teria participado do planejamento e da execução do assassinato de Marielle e Gomes. As acusações feitas pelo delator são corroboradas por indícios levantados pela apuração da PF:

  • De acordo com Queiroz, Corrêa teria participado do monitoramento da rotina da vereadora. "Uma vigilância buscando uma janela de oportunidade [para cometer o crime]", disse o ex-PM durante a delação;
  • Um dos indícios usados pela PF para apontar a participação do ex-bombeiro no planejamento do atentado foi o fato de que ele e Lessa foram vistos juntos no mesmo veículo utilizado pelo crime mais de um mês antes do assassinato;
  • O delator também identificou Corrêa como o responsável por se desfazer do carro usado no crime. Segundo o relato, o ex-bombeiro alterou a placa do veículo e o conduziu a um desmanche para que fosse descartado por uma quarta pessoa, identificada como Edmilson Barbosa dos Santos, ou Orelha.

Corrêa já havia sido preso e condenado em 2020 por atrapalhar as investigações do caso. Ele cumpria pena em prisão domiciliar até segunda-feira (24).

4. Qual foi o destino das provas do crime?

Na delação, Queiroz detalhou a rota traçada pelos suspeitos após o crime e explicou o que foi feito com o carro usado no atentado:

  • O ex-PM disse ter dirigido até a casa da mãe de Lessa, na zona norte do Rio de Janeiro, após eles terem cometido o crime. Lá, segundo o delator, deixaram o carro na rua e entregaram ao irmão de Lessa, Denis, uma bolsa em que estaria a arma usada;
  • Da casa da mãe de Lessa, os dois pegaram um táxi até um bar, onde assistiram na TB a notícia sobre o assassinato de Marielle. A informação de que Denis Lessa teria solicitado o carro foi confirmada em ofício à cooperativa de táxi, que também forneceu à polícia os dados de GPS do trajeto do motorista que levou os suspeitos até o bar;
  • No dia seguinte, Lessa e Queiroz teriam se reunido para se livrar do Cobalt. De início, trocaram a placa; mais tarde, o bombeiro Maxwell Corrêa teria levado o veículo a uma oficina de desmanche;
  • De acordo com Queiroz, os suspeitos picotaram a placa antiga e a descartaram, junto das cápsulas das balas usadas no ataque, em local próximo à estação de trem de Engenho de Dentro, na zona norte do Rio de Janeiro.

5. Os mandantes foram descobertos?

Não. Na delação, Queiroz disse que Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, teria sido o responsável por fazer a intermediação do crime entre os mandantes e Lessa. "Foi através do Edimilson, que trouxe, vamos dizer, esse trabalho pra eles, essa missão pra eles, foi através do Macalé, que chegou até o Ronnie", declarou o ex-PM à Polícia Federal. Em nenhum momento do depoimento divulgado, no entanto, Queiroz disse quem seriam os mandantes.

Na segunda (24), em entrevista, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), disse que a investigação aponta que houve participação de outras pessoas, mas não citou novos nomes.

A PF ainda mantém trechos da delação de Queiroz em sigilo. Segundo a corporação, essas informações podem ajudar a entender melhor qual a conexão de Lessa com os supostos "intermediários", que teriam feito a ligação entre o mandante e o ex-policial militar.

Referências:

1. Polícia Federal

2. O Globo (1 e 2)

3. Poder360

4. Globoplay

5. G1 (1 e 2)

6. UOL (1 e 2)

7. Terra

8. CNN Brasil (1 e 2)

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