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Postagem engana sobre ação contra Bill Gates na Holanda e distorce fala de ministra da Saúde do país

BILIONÁRIO FOI PROCESSADO JUNTO COM OUTROS POLÍTICOS E FUNCIONÁRIOS DO GOVERNO HOLANDÊS POR GRUPO DE SETE PESSOAS QUE PEDEM COMPENSAÇÃO FINANCEIRA POR SUPOSTOS PREJUÍZOS CAUSADOS PELA VACINAÇÃO; CASO AINDA NÃO FOI JULGADO E NÃO HÁ EVIDÊNCIAS QUE VACINAS REALMENTE TENHAM CAUSADO DANOS

13 nov 2024 - 15h11
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O que estão compartilhando: que um juiz holandês ordenou que Bill Gates fosse julgado por "danos causados em milhões por meio de vacinas de mRNA". O advogado responsável pelo processo afirmou que o governo holandês teria admitido publicamente que a pandemia de covid foi uma "operação psicológica de nível militar".

Post espalha desinformação sobre processo envolvendo criador da Microsoft.
Post espalha desinformação sobre processo envolvendo criador da Microsoft.
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Na realidade, Gates é alvo de um processo civil movido por um grupo de sete pessoas, que alegam terem sido prejudicadas com a vacinação contra a covid-19 e exigem compensação financeira. O empresário é processado junto com outras figuras políticas e funcionários do governo holandês. A ação ainda não passou por nenhum julgamento. Não há evidências que os imunizantes realmente tenham causado danos a milhões de pessoas na Holanda. Também não é verdade que governo holandês tenha admitido publicamente que a pandemia de covid foi uma "operação psicológica". A alegação distorce uma fala da ministra da Saúde do país.

Saiba mais: Uma postagem no Instagram afirma que um juiz holandês teria ordenado que Gates fosse julgado no país por "danos causados em milhões por meio de vacinas mRNA". Isso é enganoso. Na realidade, o fundador da Microsoft foi processado por um grupo de sete holandeses contrários à vacinação da covid-19. Gates é alvo do processo junto com outras figuras políticas e funcionários do governo holandês.

A identidade dos denunciantes não foi divulgada. Eles acusam os citados de "causar danos às pessoas por meio das vacinas" e exigem uma indenização financeira. Os autores do processo alegam que os envolvidos enganaram a população sobre as vacinas que sabiam que elas não seriam eficazes e seguras. Só que essa alegação não é verdadeira: várias agências de saúde de todo o mundo aprovaram o uso dos imunizantes contra covid-19 após estudos demonstrarem sua segurança e eficácia. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recomenda a vacinação.

Não faltam evidências da eficácia e segurança das vacinas contra a covid. Estudos sobre a eficácia dos imunizantes mostram que os benefícios são maiores do que os riscos. O Ministério da Saúde esclareceu reiteradas vezes que todas as vacinas aprovadas no Brasil foram submetidas a testes rigorosos.

Nenhum dos acusados foi indiciado ou julgado, diferentemente do que faz crer o post enganoso. Esse é um caso civil, como apontaram jornais holandeses (aqui e aqui). Os requerentes são pessoas físicas e pedem compensação financeira. A reivindicação do grupo antivacina pode ser aceita ou rejeitada, caso o tribunal decida que a denúncia não tem fundamento.

Não é correto afirmar que Gates foi indiciado, pois isso só acontece em casos criminais, e não civis. Em resposta à Reuters, um porta-voz da Fundação Bill & Melinda Gates também confirmou que o bilionário não foi indiciado.

Bill Gates apresentou pedido para não ser julgado na Holanda

A equipe jurídica de Gates entrou com um pedido alegando que o tribunal holandês não tinha autoridade para julgá-lo, já que ele não vive nos Países Baixos e é um cidadão americano. No entanto, um juiz decidiu que o país tem, sim, jurisdição para um possível julgamento. A decisão publicada no site do tribunal mostra que foi acordado que Gates deveria pagar um valor de 1.406 euros para cobrir custos judiciais deste processo. Essa decisão, no entanto, não quer dizer que Gates foi condenado ou considerado culpado.

Em nota ao Verifica, o tribunal de Noord-Nederland confirmou que a decisão significa apenas que "o processo civil continuará em nosso tribunal". "Ainda não foi decidido se isso ocorrerá por escrito ou em uma audiência pública. Essa decisão ainda será tomada pelo juiz", informou em nota.

Postagem espalha desinformação sobre declaração de ministra da Saúde da Holanda

A postagem enganosa afirma que o governo holandês teria admitido publicamente que a pandemia de covid foi uma "operação psicológica de nível militar". Esse boato se originou após uma declaração da ministra da Saúde holandesa, Fleur Agema, sobre a preparação do país para novas pandemias e as obrigações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Agema falou ao parlamento holandês em 24 de outubro. Ela disse que, por ser membro da Otan, a Holanda precisa mostrar que está preparada para reagir em caso de qualquer tipo de calamidade, e deve ter um plano de resposta a ameaças militares, desastres naturais ou uma nova pandemia. Vale acrescentar que Fleur não era ministra da Saúde durante a pandemia de coronavírus — ela assumiu o cargo apenas este ano.

Em resposta ao Verifica, o coordenador da iniciativa de verificação de fatos do curso de Jornalismo da Universidade de Leiden, na Holanda, Pedro Hamburguer, explicou que a declaração da ministra foi tirada de contexto. "Veículos de mídia conspiratórios (por exemplo, De Andere Krant) exploraram (a fala de Agema) e alguns distorceram suas palavras, insinuando que não apenas a resposta, mas a própria pandemia de covid, foi liderada pela Otan", disse.

O Estadão Verifica já checou diversos boatos que sugerem que a pandemia de covid-19 foi uma farsa. Como já mostramos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de novo coronavírus em 11 de março de 2020. Ou seja, a partir daquela data existiam surtos da covid-19 em vários países e regiões do mundo. A definição de pandemia não se refere à gravidade da doença, mas sim à sua distribuição geográfica. Em 5 de maio de 2023 a Organização declarou o fim da emergência de saúde pública da pandemia em todo o planeta. Estima-se que a doença matou cerca de 7 milhões de pessoas.

Estadão
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