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Postagem engana sobre proteção contra gripe aviária; vacina cutânea está em fase inicial de testes

HOMEM GRAVOU VÍDEO PARA ESPALHAR DESINFORMAÇÃO SOBRE IMUNIZANTES E SUGERE CONSUMO DE ALIMENTOS; ESPECIALISTAS DIZEM QUE MEDIDA NÃO DEVE SUBSTITUIR A VACINAÇÃO

18 out 2024 - 12h45
(atualizado em 22/10/2024 às 14h03)
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O que estão compartilhando: vídeo em que um homem diz que uma vacina cutânea para a gripe aviária estaria sendo testada na Austrália "a toque de caixa" e estaria "debilitando o sistema imunológico das pessoas". Ele desaconselha a imunização e recomenda o consumo de anis-estrelado e água hidrogenada para prevenir infecções.

Especialistas consultados garantem a eficácia da vacina contra a gripe aviária e afirmam que o uso de medicações alternativas não pode substituir os imunizantes.
Especialistas consultados garantem a eficácia da vacina contra a gripe aviária e afirmam que o uso de medicações alternativas não pode substituir os imunizantes.
Foto: Reprodução/Facebook / Estadão

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O imunizante citado está em fase inicial de estudos. Ainda não há dados de segurança ou eficácia, por isso é incorreto dizer que elas estariam causando danos ao sistema imunológico dos voluntários. Não há previsão para sua aprovação.

Especialistas consultados pelo Estadão Verifica negam que qualquer vacina tenha a capacidade de "enfraquecer o sistema imunológico", como alega o vídeo checado. Também dizem que o anis-estrelado e a água hidrogenada não podem substituir a proteção oferecida por qualquer vacina.

O autor da postagem foi procurado, mas não respondeu.

Os sintomas comuns são febre alta (maior ou igual a 38º), tosse, desconforto respiratório, dor de garganta e coriza. Sintomas como náuseas, vômito e diarreia também têm sido relatados com mais frequência na infecção por influenza aviária. Outros sintomas como dor abdominal, sangramento do nariz ou gengivas, encefalite e dor no peito também foram relatados em alguns pacientes. Segundo informações do Hospital Israelita Albert Einstein, existem cepas diferentes do vírus da gripe aviária. Quatro delas podem infectar seres humanos. São elas:

H5N1H7N9H5N6H5N8

A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que entre 1º de janeiro de 2003 até maio deste ano, 889 casos de infecção humana pela gripe aviária foram relatados no mundo, em 23 países. Destes, 463 foram fatais. Apesar disso, ainda não há transmissão entre humanos documentada. Os infectados contraíram diretamente dos animais e não transmitiram a doença para outras pessoas.

Os casos em humanos são raros, mas especialistas temem que o vírus da doença possa se adaptar a outras espécies e isso possa gerar uma nova pandemia. Casos assim já foram registrados. Até julho deste ano, havia mais de 170 rebanhos infectados nos Estados Unidos. Infecções também foram encontradas em gatos domésticos e um guaxinim, indicando a transmissão interespécies.

Segundo a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, mesmo com casos controlados da doença, os estudos de uma vacina contra o vírus são necessários para prevenir uma possível pandemia. "É fundamental que a gente tenha uma vacina contra esse vírus. Se houver uma pandemia, diferente do que aconteceu com a covid-19, já de início vamos poder manter a população protegida de uma doença que promete ser grave para o ser humano", disse ao Verifica.

Não há registro de casos da doença no Brasil. Mas o País está em estado de emergência zoossanitária desde maio de 2023, em função da detecção da infecção em aves silvestres.

Post usado foi publicado por médico conhecido por espalhar desinformação

O vídeo viral se baseia em uma publicação no Instagram feita pelo médico José Nasser, conhecido por espalhar desinformação e que já foi alvo de checagem pelo Verifica e Projeto Comprova (aqui e aqui).

No post com o título "começa o teste da v@c contra a gripe aviária 'sem agulha' na Austrália com o apoio dos EUA", Nasser diz que os estudos sobre a nova vacina contra a influenza aviária não detalham "quais os adjuvantes, qual o grau de segurança disso, e possíveis efeitos adversos" e têm a participação do empresário Bill Gates.

A FDA informou em nota ao Verifica que "não pode fornecer informações sobre o status de possíveis submissões regulatórias para produtos não aprovados que podem estar sob investigação" e que as "questões sobre a Vaxxas devem ser direcionadas à empresa."

Procurada, a Vaxxas, informou que há um teste sendo conduzido, que está em investigação aprovada pela FDA, que testa uma vacina monovalente contra a gripe aviária administrada por via cutânea, por meio de um "patch de microagulhas de alta densidade" mas que não foi a empresa que desenvolveu a vacina, e sim uma "terceira parte".

A reportagem questionou novamente a FDA sobre a possibilidade de checar substâncias que ainda estão em desenvolvimento. A federação respondeu que "não pode confirmar ou negar a existência de uma aplicação de produto pendente, a menos que tenha sido previamente divulgada publicamente pelo patrocinador, nem discutir o status de uma aplicação pendente."

Como podemos lidar com postagens do tipo: É comum se deparar na internet com receitas milagrosas que prometem a cura ou tratamento alternativo para certas doenças. O apelo ao natural faz com que essas receitas sejam compartilhadas, mas nem sempre esse é o caminho a ser seguido.

A recomendação de especialistas é sempre procurar orientação médica antes de se automedicar, mesmo que seja com substâncias aparentemente sem intervenções químicas. Procure sempre informações com órgãos oficiais como o Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Estadão Verifica já desmentiu, por exemplo, que é falso que chá de jambolão seja a cura da diabetes e que receita com cebola roxa e limão não controla a glicose.

Estadão
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