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Postagem tira de contexto discurso em que Lula diz ter sido vítima de golpe

VÍDEO QUE CIRCULA NAS REDES SOCIAIS APRESENTA TRECHO DE FALA DE 2022; PETISTA COMENTAVA SOBRE SUA PRISÃO EM 2018

22 nov 2024 - 17h20
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O que estão compartilhando: vídeo em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece falando que "quando se quer dar um golpe, se constrói uma narrativa, primeiro para construir na mente das pessoas a ideia de que a mentira é verdade". Sobre as imagens, há uma legenda pedindo atenção para o que diz o "especialista em golpe", referindo-se ao petista.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. As postagens tiram de contexto um trecho de um discurso de Lula. A gravação original mostra que ele alegava que a prisão dele, em 2018, foi um golpe para tirá-lo da corrida eleitoral daquele ano.

A fala foi registrada em 14 de abril de 2022, quase um mês antes de Lula ser oficializado pré-candidato ao governo federal nas eleições que venceu. Na ocasião, ele discursava em um encontro com representantes de centrais sindicais, em São Paulo. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal do PT no Youtube.

O conteúdo desinformativo começou a circular após a Polícia Federal indiciar Jair Bolsonaro (PL), principal oponente político de Lula, por supostos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Saiba mais: ao conversar com sindicalistas, Lula disse que "toda vez que neste querido País e em qualquer país da América Latina aparece um governo progressista, que quer garantir que o povo trabalhador possa melhorar, aparece alguém propondo fazer um golpe". Em seguida, o petista citou alguns países da América Latina onde ele acreditava que isso tenha ocorrido e afirmou que o mesmo ocorreu no Brasil. Segundo ele, "nós tivemos um golpe" que teria sido "premeditado, pensado e arquitetado" porque "quando se quer dar um golpe, se constrói uma narrativa primeiro para construir na mente das pessoas a ideia de que a mentira é verdade". Este último trecho é o que aparece no vídeo aqui checado.

Também no post que circula nas redes sociais é veiculado o trecho seguinte, em que Lula afirma que "a mentira se tornando verdade, então você pode aplicar o golpe que você quiser, você pode até fazer a guerra que você quiser em nome de uma mentira". O então pré-candidato à Presidência seguiu o discurso citando países em guerra e, logo depois, alegou ter sido vítima de um golpe no Brasil: "a mentira foi contada para dar um golpe aqui no Brasil, ela foi contada para me prender e me tirar do processo eleitoral".

Em 2018, quando também era pré-candidato à Presidência, Lula foi preso na Operação Lava Jato para cumprir pena de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá. O petista Fernando Haddad então assumiu o posto de candidato e foi derrotado nas urnas por Jair Bolsonaro.

Um ano e sete meses após a prisão, Lula foi solto da cela especial da Polícia Federal que ocupou durante esse tempo em Curitiba. A soltura ocorreu quando o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional a prisão após condenação em segunda instância, que era o caso dele.

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As condenações em processos contra Lula decorrentes da Operação Lava Jato, inclusive a que o levou para a cadeia, foram anuladas em abril de 2021, quando o STF entendeu que os direitos dele não foram respeitados e que os processos não poderiam ter tramitado na Justiça de Curitiba. Foi decidido, ainda, que os procedimentos deveriam ser reiniciados no Distrito Federal. Posteriormente, foi reconhecida a prescrição dos crimes.

A publicação que tira de contexto o discurso de Lula foi publicada após a notícia de que o ex-presidente Bolsonaro foi indiciado nesta semana por uma suposta tentativa de golpe. Além de Bolsonaro, foram indiciados o ex-ministro da Defesa general Braga Netto; o ex-chefe do GSI general Augusto Heleno; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e mais 33 investigados.

A investigação policial aponta que houve um plano para tentar manter Bolsonaro no poder após a vitória de Lula nas eleições de 2022. Há indícios de que o grupo chegou a planejar o assassinato de Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Estadão
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